Governo alemão fecha centro islâmico suspeito de elo com o Hezbollah

Ministério alemão do Interior acusa organização fundada em 1962 de agir como "extensão" do regime iraniano, propagando extremismo. Batidas anteriores confirmaram conexões com o Hezbollah, classificado como terrorista.

Por Deutsche Welle

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O Centro Islâmico de Hamburgo (IZH) e associações afiliadas por toda a Alemanha estão proibidos de funcionar por propagar extremismo e "antissemitismo agressivo", comunicou nesta quarta-feira (24/07) o Ministério do Interior da Alemanha.

Justificando a decisão, o órgão classificou o IZH como "organização extremista islamista, perseguindo objetivos anticonstitucionais". Ele seria um "posto avançado" do regime teocrático iraniano, detendo influência considerável sobre outras mesquitas e associações e disseminando ideias da Revolução Islâmica "de maneira agressiva e militante".

Em reação, o governo iraniano convocou o embaixador alemão em Teerã, segundo informado pela emissora de TV ARD.

O Centro Islâmico de Hamburgo foi fundado em 1962, como mais importante representante do Irã no país, ao lado da embaixada. Em novembro de 2022, ele se retirou do Schura, o Conselho das Congregações Islâmicas de Hamburgo, e antes outras entidades islâmicas haviam se distanciado dele. Há anos vozes da sociedade civil vinham apelando para que o IZH fosse investigado.

Segundo a ministra do Interior Nancy Faeser, batidas realizadas em novembro de 2023 contra o IZH e cinco suborganizações teriam "confirmado sérias suspeitas, ao ponto de ordenarmos a proibição hoje".

Ligações com o Hezbollah libanês

Entre outros pontos, o órgão federal alemão teria estabelecido prova de conexões com o Hezbollah. Em 2020, Berlim classificou como terrorista essa organização islamista libanesa, com atividades políticas e paramilitares, interditando todas as suas operações em solo alemão. O Hezbollah é apoiado pelo Irã e tem trocado hostilidades com Israel na fronteira com o Líbano desde o início da guerra contra o Hamas, grupo palestino islamista.

O Ministério do Interior anunciou ainda que a Mesquita Imã Ali, de denominação xiita, conhecida localmente como "Mesquita Azul" – uma das mais antigas do país, administrada pelo IZH – foram revistadas pela polícia.

Quatro outras mesquitas xiitas serão fechadas, e 53 propriedades associadas ao Centro também são alvo de buscas nos estados da Baixa Saxônia, Baviera, Berlim, Bremen, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Renânia do Norte-Vestfália, relatou a pasta.

"Não estamos agindo contra uma religião"

Na avaliação do Ministério do Interior, embora o grupo tente se apresentar como tolerante e puramente religioso, sem laços ou uma agenda política, "investigações confirmaram acima de qualquer dúvida que as atividades do IZH não são de natureza puramente religiosa".

"É muito importante para mim fazer aqui uma distinção clara: não estamos agindo contra uma religião", mas sim contra um grupo acusado de minar tanto o Estado alemão quanto os direitos das mulheres, frisou a social-democrata Faeser. Estima-se entre 150 e 200 o número de congregações xiitas na Alemanha.

Em comunicado, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, saudou a proibição: "O regime iraniano dos mulás e seus representantes estão posicionados por todo mundo: sua meta é a destruição da democracia e do nosso modo de vida."

av/ra (Reuters, AP, dpa)

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