O governo de Israel está sob pressão de seus aliados internacionais, principalmente os EUA, e de sua oposição e familiares dos reféns cativos em Gaza; o presidente Biden está sob pressão das eleições e de democratas e republicanos; o Hamas está sob pressão militar israelense e do início de protestos de palestinos que o culpam por provocar uma guerra em que acabam sendo as maiores vítimas.
Tanta pressão, todos os envolvidos esperam que a reunião para um cessar-fogo e libertação de reféns por prisioneiros palestinos, que começa nesta sexta-feira em Paris, alcance resultados.
Se fracassar, a ofensiva israelense sobre a Rafah de mais de 1 milhão de palestinos, começará com o mês do Ramadã sagrado dos muçulmanos, 10 de março. Se fracassar, os planos do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu serão executados: dar poder político e administrativo a não filiados do Hamas em Gaza, dividida em bolsões; aumentar a condenada colonização na Cisjordânia e manter-se no poder. Se fracassar, a estratégia de Biden se revelará um fracasso, e o preço será cobrado nas eleições de novembro. Se fracassar, o Hamas vai perder seu último túnel, em Rafah, e talvez não haja mais reféns a libertar.
O que será do projeto de dois estados para dois povos, o israelense e o palestino? Qual a consequência para os judeus do crescimento do antissemitismo mundo afora e no Brasil? Que papel poderá restar para a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia? Como vai evoluir o tiroteio entre Hezbollah e Israel? E a navegação comercial sob a mira dos mísseis dos rebeldes Houthis do Iêmen? É de se supor que as relações de Washington e Jerusalém caíam para o ponto mais baixo da história. A agenda do Oriente Médio está carregada de incertezas e de muito perigo.
Que o fim de semana em Paris seja de shalom, sala’am, peace, paz.