O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, disse nesta sexta-feira (18), em Brasília, que conversará com o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, para definir o nome do novo comandante-geral da Polícia Militar do DF para substituir o atual comandante, Klépter Rosa Gonçalves, preso em operação da Polícia Federal.
A investigação apura o envolvimento da cúpula da PM nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro que causaram danos aos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal. Os acontecimentos foram classificados pelo governador como um “episódio dramático e trágico. As respostas têm que acontecer ao longo do período do inquérito policial”.
"Vou conversar com o secretário de Segurança e ele vai me indicar o nome e nós vamos nomear (para o comando da PM). Ele vai analisar a denúncia, ver o que tem contra cada um deles e nós vamos ver quem será exonerado”, adiantou Ibanez.
Ibaneis Rocha disse que a PM não pode ficar sem comando. “Já houve o afastamento das funções e, agora, temos que escolher os substitutos para continuar dentro da normalidade da nossa cidade. Não podemos ficar com uma corporação como a Polícia Militar acéfala e temos que ter um comando ali dentro para que a gente possa dar sequência ao trabalho na cidade”.
Questionado por jornalistas, o governador disse que “decisão judicial se cumpre” e afirmou que não foi o responsável pela indicação do atual comandante da Polícia Militar.
"Lembrando que o comandante indicado [Klépter Rosa Gonçalves] não foi por mim, foi na época do meu afastamento. Foi o interventor [quem indicou]." O governador se referia a Ricardo Capelli, que comandou a intervenção na segurança pública do DF entre 8 e 31 de janeiro. Coube a Capelli a nomeação de Klépter, dias após os atentados de 8 de janeiro.
Ibanez afirmou também que não está surpreso com a operação que prendeu hoje preventivamente autoridades no Distrito Federal, por autorização do Supremo Tribunal Federal. "Acho que as coisas estão andando de forma natural. Houve ontem (17) a representação do Ministério Público e o ministro acatou. Tem que respeitar", finalizou.
Operação da Polícia Federal
A P (18) sete mandados de prisão preventiva e outros cinco de busca e apreensão contra integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal.
A operação que mira a cúpula da Polícia Militar do DF acontece após determinação do Supremo Tribunal Federal a partir de uma denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República.
Veja quem são os alvos:
Coronel Fábio Augusto Vieira;
Coronel Klepter Rosa Gonçalves (comandante-geral da PMDF);
Coronel Jorge Eduardo Naime;
Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra;
Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues;
Major Flávio Silvestre de Alencar;
Tenente Rafael Pereira Martins.
Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, bloqueio de bens e afastamento das funções públicas também foram pedidos pela PGR. Os pedidos foram feitos pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA), Carlos Frederico Santos, a partir do resultado de apurações realizadas nos últimos oito meses.
Segundo a PGR, os alvos da Polícia Militar do Distrito Federal poderiam evitar danos e as invasões às sedes dos Três Poderes. A principal denúncia é com relação a omissão dessas pessoas que estão sendo alvos dos mandados.
“Ao oferecer a denúncia e requerer as medidas cautelares, o subprocurador-geral da República apresentou relato detalhado das provas já identificadas e reunidas na investigação, as quais apontam para a omissão dos envolvidos”, informou a PGR em comunicado.
Os alvos da operação são investigados pelos crimes de omissão, abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM do DF.