Moises Rabinovici

Harris e Trump nas guerras de Gaza e da Ucrânia

Nesta semana, o veterano correspondente do New York Times no Oriente Médio, Tom Friedman, disse que Netanyahu sabota as negociações de paz e libertação de reféns

Por Moises Rabinovici

Harris e Trump nas guerras de Gaza e da Ucrânia
Candidato republicano, Donalt Trump cumprimenta Kamala Harris, candidata democrata
REUTERS/Brian Snyder

A resposta de Kamala Harris sobre a guerra em Gaza não garantirá a paz entre israelenses e palestinos, se ela for eleita. Donald Trump não propôs nada: ele repetiu que se sua rival for para a Casa Branca, Israel deixará de existir em dois anos. “Ela odeia Israel; ela odeia a população árabe”, ele acrescentou.

A pergunta sobre como os dois candidatos romperiam o impasse nas negociações surgiu uma hora depois do debate ter começado. Harris explicou: “Vamos entender como chegamos aqui. Em 7 de outubro, o Hamas, uma organização terrorista, massacrou 1.200 israelenses, muitos deles jovens que estavam simplesmente assistindo a um concerto. Mulheres foram horrivelmente estupradas. E então eu disse e digo agora, que Israel tem o direito de se defender. Nós o faríamos. A forma como isso acontece é importante, porque também é verdade que muitos palestinos inocentes foram mortos; crianças, mães. O que sabemos é que esta guerra tem de acabar. Tem de acabar imediatamente. ”

Então, Harris falou do plano do presidente Joe Biden: “Devemos traçar um curso para uma solução de dois estados e, nessa solução, deve haver segurança para o povo israelense e para Israel, e uma medida igual para os palestinos. Mas uma coisa eu garanto a vocês: sempre darei a Israel a capacidade de se defender, em particular, no que se refere ao Irã e a qualquer ameaça que o Irã e seus representantes representem para Israel. Mas precisamos ter uma solução de dois Estados, onde possamos reconstruir Gaza, onde os palestinos tenham segurança, autodeterminação e a dignidade que merecem com razão. ”

A solução de dois estados, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estiver no poder, não deve ser implantada. Ao contrário, ministros de extrema-direita, nacionalistas, falam abertamente em anexar a Cisjordânia – alguns, até Gaza. O Hamas não quer Israel como vizinho numa partilha de terras. Simplesmente, não aceita o direito à existência de Israel. Por isso, Netanyahu deu força ao Hamas para enfraquecer a Autoridade Palestina, favorável à solução de dois estados.

Em sua resposta, Donald Trump disse que, com ele, “isso nunca teria acontecido”. Porque, segundo ele, “o Irã estava falido”. E prosseguiu: “Agora, o Irã tem 300 bilhões de dólares, porque (Joe Biden) retirou todas as sanções que eu havia imposto. O Irã não teria dinheiro para o Hamas, ou o Hezbollah, ou qualquer um dos 28 grupos de terror diferentes. O Irã estava falido, agora é uma nação rica”. E concluiu: “Veja o que está acontecendo com os Houthis e o Iêmen. Veja o que está acontecendo no Oriente Médio. Isso nunca teria acontecido comigo. Vou resolver isso rapidamente e acabarei com a guerra com a Ucrânia e a Rússia se eu for eleito presidente. Vou resolver isso antes mesmo de me tornar presidente. ”

Nesta semana, o veterano correspondente do New York Times no Oriente Médio, Tom Friedman, disse que Netanyahu sabota as negociações de paz e libertação de reféns de Joe Biden porque ele quer que Donald Trump ganhe as eleições nos Estados Unidos.

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