A Hidrovia Tietê-Paraná está interrompida desde agosto do ano passado. A seca histórica que atinge o país e a necessidade de segurar água nos reservatórios para as hidrelétricas produzirem energia deixaram os níveis dos rios Tietê e Paraná baixos demais para navegação no trecho entre Buritama e Pederneiras, no estado de São Paulo.
Em períodos de cheia, as barcaças carregadas, principalmente de cana de açúcar e grãos, saem do centro-oeste brasileiro e seguem até o interior paulista, de onde a produção é transferida para caminhões e trens em direção ao porto de Santos.
No ano passado, o governo de São Paulo chegou a prever que até dezembro toda a hidrovia poderia ser aberta. A decisão dependia das chuvas, mas isso não se concretizou e agora o novo prazo foi empurrado para o final de maio, quando a interrupção terá quase um ano, como explica o diretor do Departamento Hidroviário de SP, José Manuel de Oliveira Reis.
“Que as chuvas continuem para que a gente possa o mais rápido possível ter a hidrovia funcionando normalmente. Esperamos que nos próximos dois ou três meses a gente já possa ter a hidrovia funcionando. No restante dos períodos não houve interrupções é quando há uma seca extraordinária como essa que há interrupção”, explicou.
Para não depender apenas da chuva, a solução é aumentar a profundidade da hidrovia no trecho de Nova Avanhandava, onde há pedras que ficaram expostas com a redução do nível dos rios.
O diretor do Departamento Hidroviário de SP explica, no entanto, que depende da verba do governo federal para começar a obra.
“Está previsto uma obra para a retirada desse pedral. Ela é prevista para 36 meses. O governo do estado de São Paulo cumpriu com a parte dele, que foi fazer o projeto, e estamos aguardando a posição do governo federal, através do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), para dar início a essa obra o mais rápido possível”, disse.
Em nota o Dnit, que libera a verba necessária, respondeu que pediu esclarecimentos ao governo de São Paulo sobre o projeto e agora deve finalizar a análise ainda em fevereiro. A estimativa de gasto é de R$ 230 milhões.
Ainda não há prazo para a remoção das pedras da hidrovia começar. Enquanto isso, cidades, empresas e produtores que dependem da hidrovia contam o prejuízo, como relata Jesualdo Silva, diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP).
“O prejuízo é imenso porque nós estamos falando de nove milhões toneladas de produtos agrícolas e celuloses que passa por essa hidrovia. O preço do frete do caminhão chega a ser até 40% mais caro do que pelo transporte hidroviário. Cerca de 400 pessoas que trabalhavam em empresas de transportes pluviais foram demitidas”, afirma Jesualdo.