Pedro William se surpreendeu quando o amigo, Túlio Pires, fez uma promessa durante a apuração dos votos do segundo turno da eleição presidencial, que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele iria tatuar a imagem de Lula na coxa, caso ele fosse eleito. “Durante a apuração dos votos, o Bolsonaro estava na frente e eu fiz essa promessa caso Lula passasse ele e ganhasse", afirma Túlio.
Os amigos, ambos tatuadores, acompanharam a apuração na estrada entre Ipirá e Salvador e até chegaram a serem parados pela Polícia Rodoviária Federal. Segundo Pedro, a parada trouxe um nível de ansiedade diferente para a apuração, já que eles afirmam que sofreram deboche por parte de bolsonaristas que passavam pela estrada.
“Nós fomos parados devido ao carro ter adesivo do PT, alguns bolsonaristas passavam e gritavam que a gente estava ali porque votávamos no Lula. Senti uma parcialidade da PRF, mas pelo menos eles foram cordiais", afirma. A ansiedade da apuração, somada à situação na estrada, gerou a promessa de Túlio.
Lula foi eleito e Túlio, logo na segunda-feira após as eleições, apareceu no estúdio para cumprir a promessa. Pedro, que tatuou o amigo, relembra que a arte demorou oito horas para ser feita e que foi a primeira vez que alguém pediu para ele tatuar uma figura política. “Não neguei de fazer a arte porque tenho o mesmo posicionamento político que o Túlio, além de achar interessante como artista um desafio desses, pela técnica realista e em retratar o Lula da forma mais fiel possível”, indica.
A escolha da foto, em que Lula está fazendo uma careta, foi proposital. Túlio diz que queria algo mais informal, para dar um ar mais carismático para a tatuagem. Segundo ele, os amigos brincaram que ele “é louco” por fazer a homenagem ao candidato. A família, por sua vez, demonstrou preocupação com a arte. “Meus pais ficaram sem acreditar e disseram que eu deveria ter cuidado para não me arrepender e porque as ruas seguem perigosas”, diz.
O estudante, apesar da promessa, conta que a inspiração para a arte ocorreu pelos feitos de Lula nos governos passados, em 2002 e 2006. “Principalmente pelos feitos do presidente, por toda contribuição para o desenvolvimento do nosso país. Sempre fui muito interessado por política e me mantenho ligado no que ele fez, para mim, tudo o que ele fez para os pobres me inspira, como tirar o Brasil do mapa da fome, incentivar a educação, inclusão social, mostra o amor dele ao país e ao povo”, afirma.
Túlio não tem medo de se arrepender da tatuagem. Ele afirma que caso descubram algum crime cometido por Lula ou o terceiro governo ser um fracasso, ele não se sentirá mal por ter a arte. “O passado não pode ser apagado, os feitos positivos dele serão eternos. Independente de tudo, com certeza vale a homenagem. No futuro, verei a tatuagem como um momento especial, um momento em que o país voltou a se unir”, celebra.
Mas Pedro garante que só fez a arte porque Túlio estava decidido a cumprir com a promessa. “Se houvesse indecisão da escolha da arte ou falta de expertise para fazer a tatuagem, há a possibilidade de arrependimento futuro, então se indica não fazer a arte", indica.
Esperança por governo melhor
Os dois amigos, eleitores de Lula, esperam que os próximos anos tragam mudanças positivas para o Brasil. Para Túlio, as expectativas são grandes. “Ele tem uma boa relação com o exterior me tem pulso pra poder reerguer nossa economia. Os projetos voltados aos mais pobres serão ampliados”, afirma Túlio.
Pedro espera mais união do povo brasileiro. “Um tempo de mais tolerância, esperança, paz e amor. E que essa polarização seja encerrada”, analisa.