Infectologista defende monitoramento maior de variante delta no Brasil para evitar retrocesso

Esper Kallas explicou que nova cepa da covid-19 pode depender mais de duas doses de vacina para não se disseminar

Da Redação, com BandNews TV

Infectologista da faculdade de medicina da USP, Esper Kallas atenta que o Brasil deve fazer um monitoramento severo de focos da variante delta da covid-19 e, dependendo do caso, instituir medidas mais rígidas de mobilidade para evitar que essa cepa se espalhe - o Brasil já confirmou 16 casos e 2 mortes até esta quarta-feira (7)

“Há suspeitas de que a variante delta dependa um pouco mais de duas doses da vacina do que as demais. Isso é uma coisa que nos preocupa. Tem que fazer um monitoramento aqui”, analisou o médico em entrevista ao Ponto a Ponto, comandado pela jornalista Mônica Bergamo e o cientista político Antônio Lavareda no BandNews TV. Assista à íntegra acima.

Kallas aponta que ainda não se sabe ao certo qual o desempenho dos imunizantes que usam o vírus morto ou inativado em suas composições – casos da CoronaVac e Covaxin – contra a cepa delta. 

Ele analisou ainda que a nova cepa se espalhou onde a cobertura vacinal com duas doses ainda não foi feita – o Brasil tem pouco mais de 13% de pessoas imunizadas com a dosagem completa. Por isso, a vacinação completa é a única arma para barrar o desenvolvimento dessa variante do coronavírus, tida como mais infecciosa.

“A despeito das suspeitas de que cada variante pode representar uma surpresa, pode escapulir da defesa induzida pela vacina A, B ou C, de uma forma geral, que cada variante ganha em capacidade de transmissão. Agora a doença, essencialmente, permanece a mesma. E felizmente, até agora, as vacinas têm tido um desempenho muito bom contra todas essas quatro variantes”, explicou.

O médico ainda disse que não é efetiva a irregularidade que algumas pessoas têm recorrido, como uma terceira dose de vacina ou a “escolha” de determinado imunizante. Ele pontua que só estaremos efetivamente protegidos apenas quando a maioria dos brasileiros se imunizarem e que a campanha de vacinação é uma ação coletiva.

“Achar que você vai tomar a vacina para si e vai ter um escudo ao seu redor, você vai poder andar em um ‘corredor de espinhos’, você está enganado. Quanto mais metralhado de vírus você for, não importa a vacina que tenha tomado, maior é a chance de se desenvolver uma doença. E, infelimente, as vezes ela pode ser grave”, alertou.

O infectologista ainda repudiou a chamada “imunidade de rebanho” como forma de deter a disseminação da doença  - defendido principalmente por alas ligadas ao governo de Jair Bolsonaro.

“Quanto mais você posterga essa onda, maior é a chance de você chegar com vacinas, melhor vai estar sua estrutura preparada, mais você vai saber tratar essas pessoas. Hoje em dia, a gente trata pessoas com covid-19 de uma forma muito mais eficiente do que era em julho do ano passado. Ou seja, o conhecimento avançou bastante. Nós sabemos o que esperar mediante à doença”, afirmou.

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