Israel ao Hamas: rendição ou guerra

Primeira fase do acordo de cessar-fogo terminará no domingo, sem que a segunda fase tenha sido negociada

Israel ao Hamas: rendição ou guerra
Protesto com fotos dos israelenses sequestrados pelo Hamas
Amir Cohen/Reuters

Israel propôs ao Hamas a troca dos 620 prisioneiros que não libertou no sábado, em violação ao acordo de cessar-fogo, pelo retorno, hoje, “sem cerimônias”, dos restos mortais de quatro reféns, que está previsto para quinta-feira.

A 1ª fase do acordo de cessar-fogo terminará no domingo, sem que a 2ª fase tenha sido negociada. Um novo acordo para mais 42 dias de trégua e libertação de cerca de 60 reféns, dos quais pelo menos 30 estariam mortos, esbarra num impasse muito difícil de superar: deveria ser o fim da guerra, com a retirada total de Israel de Gaza, mas o governo israelense exige que a liderança do Hamas vá para o exílio, como foram Yasser Arafat e a OLP em Beirute, em 1982, e os combatentes entreguem suas armas.  

A trégua pode continuar se o Hamas e Israel estiverem em negociações. O enviado especial do presidente Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, volta à Jerusalém, Cairo, Doha e Riad na quarta-feira. Ele tentaria estender a 1ª fase do acordo, em princípio. O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, está em Washington, há vários dias, debatendo alternativas possíveis.

O primeiro-ministro Netanyahu conta com o apoio do presidente Trump, que anunciou que o apoia em qualquer decisão que tomar. O grupo à direita da coligação que o sustenta é a favor da retomada da guerra, se o Hamas não se render. Mas as famílias dos reféns estão se manifestando pela libertação de todos os reféns, vivos ou mortos.  

Witkoff e Dermer, em seus encontros nos EUA, concordaram que o Hamas não pode manter o controle de Gaza numa 2ª fase do cessar-fogo. Os negociadores egípcios afirmaram à agência Al-Araby Al-Jadeed, do Catar, que estão vendo “indicações positivas” para o reinício das negociações. Para eles, Trump quer evitar novos combates em grande escala em Gaza.

O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, afirmou que “os prisioneiros devem ser libertados antes de qualquer discussão sobre a próxima fase”. Ele se referia aos 620 da troca de reféns da última rodada, que o primeiro-ministro Netanyahu resolveu adiar, violando o acordo de cessar-fogo. “A extensão da 1ª fase”, ele acrescentou, “depende do que está na mesa e das garantias de compromisso de Israel. Serão necessárias sérias garantias dos mediadores, e até mesmo dos EUA, porque Israel sempre se recusou a honrar os acordos que assina”.

Na quarta-feira, a família Bibas vai enterrar Shiri e os dois filhos pequenos, símbolo dos reféns de 7 de outubro, cujos restos mortais estão em Israel desde a semana passada. Cerimônias estão previstas em vários países, inclusive no Brasil. Os israelenses do setor privado foram dispensados de trabalhar pela manhã para acompanhar a procissão ao longo das estradas do sul do país até o cemitério Zohar, perto do kibutz Nir Oz, onde moravam quando foram sequestrados.

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