Israel e Hamas retomam combates em Gaza

Após uma semana de trégua, Israel volta a bombardear Gaza depois de o Hamas ter violado pausa e disparado míssil contra território israelense.

Por Deutsche Welle

Depois do fim da trégua de sete dias, os combates na Faixa de Gaza recomeçaram nesta sexta-feira (01/12), segundo anúncios feitos por Israel e pelo grupo radical islâmico Hamas. A retomada do conflito ocorreu logo após o prazo da pausa encerrar às 7h (horário local).

As Forças de Defesa de Israel (FDI) acusaram o Hamas de ter quebrado a trégua. "O Hamas violou a pausa operacional e, além disso, disparou contra território israelense. As Forças de Defesa de Israel retomaram os combates contra a organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza", declararam em comunicado.

O exército israelense afirmou ter interceptado um míssil disparado de Gaza, pouco antes do fim da trégua. A mensagem foi enviada à imprensa a pouco mais de uma hora antes do fim da pausa do conflito estabelecida com o grupo islâmico. Israel retomou os bombardeios em toda a região, desde a Cidade de Gaza e Jabalia, no norte do enclave, até Khan Yunis e Rafah, no extremo sul.

O Hamas também confirmou a retomada do combate e disse que enfrentará com "firmeza" e "heroísmo" os novos ataques de Israel em Gaza. "O que Israel não conseguiu durante 50 dias antes da trégua, não conseguirá se continuar sua agressão", acrescentou no comunicado. O grupo disse ainda que os novos ataques já resultaram em 14 mortes, incluindo crianças, e cerca de 20 feridos.

O Ministério do Interior da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, afirmou que "os aviões israelenses estão sobrevoando a região e os seus veículos abriram fogo no noroeste do enclave".

Alerta dos EUA

O retorno dos combates ocorre poucas horas após os Estados Unidos, principal aliado de Israel, alertarem o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu contra a retomada do conflito, a menos que Israel tivesse um plano concreto para evitar a morte de civis.

Nesta quinta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu com autoridades israelenses e os instou a fazer mais para proteger os civis palestinos. Não ficou claro até que ponto Netanyahu atenderá aos pedidos dos EUA.

Após a retomada do conflito, o gabinete do premiê israelense afirmou que "está empenhado em alcançar os objetivos da guerra: libertar os reféns, eliminar o Hamas e garantir que Gaza nunca mais constitua uma ameaça aos residentes de Israel".

Já o Catar afirmou que as negociações sobre o conflito ainda estão em andamento e alertou que a retomada das operações militares dificulta os esforços de mediação e agrava o desastre humanitário em Gaza. O Catar apelou ainda à comunidade internacional para agir rápido para parar o combate.

Trégua de uma semana

O acordo para uma pausa no conflito que começou em 7 de outubro foi mediado pelo Catar e Egito. Inicialmente a trégua duraria quatro dias, a partir de 24 de novembro, com possibilidade de prorrogação. No acordo inicial, uma cláusula tornava possível a extensão da trégua por até dez dias se o Hamas mantivesse a promessa de liberar reféns diariamente.

Durante a pausa de uma semana nos combates, o Hamas, que é designado uma organização terrorista por diversos países, libertou mais de 100 reféns detidos em Gaza, a maioria israelenses. Em troca, Israel soltou 240 palestinos que estavam presos no país. Cerca de 140 reféns ainda estão nas mãos do Hamas.

Israel declarou guerra ao Hamas após um ataque do grupo fundamentalista islâmico em 7 de outubro que envolveu o disparo de mais de 4 mil foguetes e a infiltração de cerca de 3 mil combatentes que mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram mais de 240 em comunidades próximas da Faixa de Gaza, de acordo com números do governo israelense. Em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, o conflito já teria deixado mais de 15 mil mortos.

A trégua também possibilitou a chega de ajuda humanitária à Gaza. De acordo com a ONU ao menos 70% da população do enclave palestino teve que se deslocar de suas casas devido ao conflito, a maioria para o sul. O Ministério da Saúde de Gaza, porém, afirmou nesta sexta que a pausa não possibilitou a recuperação do colapso que os hospitais da região sofreram durante os combates.

cn/bl (efe, Lusa, AFP, AP)

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