O grupo islamista radical libanês Hisbolá e as forças de Israel trocaram novos disparos através da fronteira com o Líbano neste sábado (06/01), elevando os temores de uma guerra regional no Oriente Médio.
Pouco depois de as sirenes de alerta de foguetes soarem no norte do país, os militares israelenses informaram que "aproximadamente 40 disparos do Líbano em direção à área de Meron, no norte de Israel, foram identificados". Não houve relatos imediatos de vítimas ou danos.
O Hisbolá, apoiado pelo Irã, confirmou os ataques contra o território israelense. Segundo o grupo, um importante posto de observação de Israel foi atingido após o disparo de 62 foguetes, como "resposta preliminar" ao assassinato do vice-líder do Hamas, Saleh al-Aruri, em território libanês.
Em retaliação aos disparos do Hisbolá neste sábado, as forças israelenses disseram que promoveram um ataque com um veículo aéreo não tripulado contra a "célula terrorista responsável pelos disparos na área de Metula".
Caças e tropas israelenses também atingiram uma série de alvos do Hisbolá no sul do Líbano, incluindo um posto de lançamento, instalações militares e "infraestrutura terrorista".
As tensões entre os dois países aumentaram desde que o vice-líder Aruri foi morto na última terça-feira por um drone nos subúrbios de Beirute, um reduto do Hisbolá, aliado libanês do Hamas, num ataque amplamente atribuído a Israel.
O chefe do Hisbolá, Hassan Nasrallah, disse na sexta-feira que o Líbano ficaria "exposto" a mais operações israelenses se seu grupo não respondesse ao assassinato.
Autoridades da UE e dos EUA na região
As trocas de disparos ocorrem num momento em que os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da União Europeia (UE) visitam a região na tentativa de evitar uma guerra ampliada no Oriente Médio.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, iniciaram um novo esforço diplomático para impedir que o conflito de três meses na Faixa de Gaza se espalhe pelo Líbano, a Cisjordânia ocupada e as rotas marítimas do Mar Vermelho.
Israel e o Hisbolá frequentemente trocam disparos na fronteira libanesa; a Cisjordânia ocupada por Israel também é alvo de ataques; e a milícia houthi, que controla parte do Iêmen e é apoiada pelo Irã, parece determinada a continuar atacando navios no Mar Vermelho até que os israelenses parem de bombardear Gaza.
Blinken se reuniu com os líderes da Turquia e da Grécia neste sábado, no início de uma viagem de uma semana que também incluirá Israel, Cisjordânia ocupada, Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito.
Durante duas horas de conversas em Istambul, Blinken discutiu a guerra e a crise humanitária em Gaza com o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores turco.
Uma autoridade dos EUA disse que Blinken depois conversou com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, um crítico ferrenho das ações militares de Israel em Gaza. A Turquia, que, ao contrário da maioria de seus aliados da Otan, não classifica o Hamas como uma organização terrorista, ofereceu-se para mediar o conflito em Gaza.
Blinken também espera fazer progressos durante sua viagem sobre como Gaza poderia ser governada se e quando Israel atingir seu objetivo de erradicar o Hamas.
"É imperativo evitar escalada regional"
Já o principal diplomata da UE, Borrell, manteve conversações com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, o comandante da força de manutenção da paz das Nações Unidas (UNIFIL), Aroldo Lázaro, e o presidente do Parlamento, Nabih Berri.
Em coletiva de imprensa ao lado do ministro das Relações Exteriores libanês, Borrell afirmou ser "imperativo evitar a escalada regional no Oriente Médio" e alertou que "os canais diplomáticos têm de estar abertos para sinalizar que a guerra não é a única opção, mas é a pior opção".
"É absolutamente necessário evitar que o Líbano seja arrastado para um conflito regional", disse o diplomata europeu. "Também envio esta mensagem a Israel: ninguém sairá vencedor de um conflito regional. Penso que a guerra pode ser evitada, tem de ser evitada e a diplomacia pode prevalecer."
ek (Reuters, AFP)