Israel invade Cisjordânia com tanques do Exército

O jornal Haaretz, em editorial, denuncia que Israel está promovendo na Cisjordânia uma “transferência populacional”, a mesma que “sonha” em fazer em Gaza

Israel invade Cisjordânia com tanques do Exército
Homem se prepara para atirar um objeto enquanto um tanque israelense na Cisjordânia
REUTERS/Raneen Sawafta

Os três primeiros tanques israelenses entraram em Jenin pela primeira vez em 20 anos, no domingo. De seu campo de refugiados e de dois outros, Tulkarm e Nur Shams, na Cisjordânia ocupada, 40 mil palestinos já foram expulsos desde 21 de janeiro. Israel alega que está operando contra militantes ligados ao Hamas, depois que três ônibus vazios explodiram no fim de semana, e em outros dois mais explosivos foram neutralizados antes que explodissem.

O jornal Haaretz, em editorial, hoje, denuncia que Israel está promovendo na Cisjordânia uma “transferência populacional”, a mesma que “sonha” em fazer em Gaza. O ministro da Defesa, Israel Katz, anunciou que os palestinos deslocados não poderão voltar às suas casas enquanto a operação militar não terminar, talvez em um ano. O Exército já demoliu casas, destruiu estradas e prendeu muitos suspeitos.

A escalada coincide com o apoio total do presidente Trump ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Para os palestinos, a situação é comparável à Nakba, ou Tragédia, com que em árabe é descrita a expulsão de palestinos durante a criação do estado de Israel. Os campos de refugiados da Cisjordânia são dessa época da guerra da independência.

Os milhares de pessoas expulsas de suas casas se alojaram em escolas, em cidades próximas e abrigos temporários abertos por voluntários. Não tiveram tempo de levar roupas, remédios e dinheiro, como publicou o jornal New York Times. As crianças estão sem escola. O prefeito de Jenin, Mohammad Jarrar, diz que “o que está acontecendo na cidade só pode ser descrito como uma reocupação”.

O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert mostrou à BBC, pela primeira vez, o mapa para uma solução de dois estados que propôs ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em 2008, pedindo-lhe que o assinasse no mesmo momento.

“Assine, assine, e vamos mudar a história”. Mas Abbas disse que o assunto era muito sério e que deveria discuti-lo com seus assessores. O plano Olmert anexaria 4,9% da Cisjordânia, que compensaria com terras próximas à Gaza e à Cisjordânia. Jerusalém ficaria dividida entre judeus e muçulmanos, administrada por um comitê de Israel, Palestina, EUA, Arábia Saudita e Jordânia.

Em Ramallah, a oferta não foi considerada séria, e Olmert era já considerado um “pato manco”, ameaçando renunciar porque envolto em um escândalo de corrupção.

A Cruz Vermelha comunicou sua “profunda preocupação” com a ofensiva de Israel em Jenin, Tulkarem, Tubas e em outros locais da Cisjordânia. “As pessoas estão lutando para acessar as necessidades básicas como água limpa, comida, assistência médica e abrigo”.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais