
Israel recebeu 1.800 bombas de 907 quilos cada, retidas pelo ex-presidente Joe Biden, e o secretário de Estado Marco Rúbio, neste fim de semana em que mais três reféns foram libertados em troca de 693 prisioneiros palestinos.
O carregamento das “bombas pesadas” incluiu mais 1.700 bombas de 226 quilos, totalizando 76 mil toneladas de armamentos transportados por 678 aviões e 129 navios desde a guerra em Gaza, iniciada em outubro de 2023 com o massacre de 1.200 israelenses pelo Hamas.
O secretário Marco Rúbio se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Isaac Herzog, no sábado e domingo, e decolou para os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, onde vai discutir a paz de Trump entre Rússia e Ucrânia.
As bombas pesadas e uma declaração de Rúbio se encontraram: “O Irã é a maior força de instabilidade na região. O Irã está por trás de cada grupo terrorista, por trás de cada ato de violência”. O primeiro-ministro Netanyahu acrescentou em um comunicado conjunto que os Estados Unidos “deixaram claro que o Irã não deve ter armas nucleares”. Quando pediu as bombas, Israel ameaçava atacar as usinas nucleares iranianas, que são subterrâneas e protegidas por rochas. As ameaças ainda pairam no ar.
Rúbio também declarou que a Riviera do Oriente Médio, sugerida por Trump para Gaza esvaziada de seus 2 milhões de palestinos, está surtindo efeito — para ele, “esperado”: os países árabes marcaram uma reunião, no dia 27, para discutir alternativas ao Gaza-a-Lago, referência à mansão de Trump na Flórida, Mar-a-Lago.
“Não são as mesmas velhas ideias cansadas do passado”, disse Rúbio. “Algo que é novo, algo que, francamente, foi preciso coragem e visão para conceber. Pode ter surpreendido e chocado muitos, mas o que não pode continuar é o mesmo ciclo repetido várias vezes para acabar exatamente no mesmo lugar”. Ele acrescentou: “Está muito claro que o Hamas não pode continuar como um governo ou força militar, e, francamente, enquanto for uma força que possa governar, ou uma força que pode ameaçar pelo uso da violência, a paz se torna impossível. O Hamas deve ser erradicado, eliminado”.
Rúbio lembrou que os países árabes declaram que se importam com os palestinos, “mas nenhum deles quer levar nenhum palestino; nenhum deles tem um histórico de fazer qualquer coisa por Gaza.”
O enviado especial de Trump ao Oriente Médio, Steve Wittkoff, falou à Fox News, no domingo, que as negociações para a segunda fase do cessar-fogo em Gaza vão continuar nesta semana, em local ainda indefinido. Ele revelou ter conversado ao telefone com Netanyahu, o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e o chefe da Inteligência egípcia Hassan Rashad. “A fase dois é mais complicada”, ele admitiu. É nela que Israel deverá se retirar totalmente de Gaza, e todos os reféns, libertados. Restam 17 reféns na primeira fase, entre eles nove que se acredita estejam mortos. E para a segunda fase, outros 73, dos quais 35 confirmados mortos.
O Hamas acusou Israel de violar o cessar-fogo, matando com um drone três de seus policiais, que garantiam a entrada de ajuda humanitária, perto de Rafah. “O tiroteio traiçoeiro por um drone sionista (...) é considerado uma grave violação do acordo”. Israel confirmou o ataque, mas o atribuiu a ameaça representada por um carro com homens armados que se aproximava de forças israelenses, por uma rota não aprovada. O tráfego em direção ao norte de Gaza só é permitido pela estrada Salah a-Din, onde uma empresa privada inspeciona todos os veículos.