Jornal da Band

20 anos do 11 de setembro: Os impactos da guerra contra o Oriente Médio

Estudo da Universidade Brown estima mais de 800 mil mortes em cinco países

Yan Boechat e Felipe Kieling, do Jornal da Band

Em 11 de setembro de 2001 o mundo mudou. Atacados dentro dos Estados Unidos, os americanos passaram as duas décadas seguintes em guerra contra os inimigos. Bin Laden, líder-fundador do grupo terrorista al-Qaeda, foi morto e Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque, foi deposto. 

A resposta foi rápida, agressiva e pouco planejada. Menos de um mês depois que os aviões se chocaram com as torres gêmeas em Nova York, americanos e ingleses despejavam toneladas de bomba sobre o Afeganistão.

Atacaram primeiro o Talibã, o grupo fundamentalista que assumiu o poder no país asiático após o fim da União Soviética, mas queriam mesmo a cabeça de Osama Bin Laden, que vivia como hóspede de honra dos mulás afegãos. 

Dois meses após os ataques de 11 de setembro, o Talibã caiu. Bin Laden ainda continuava solto, mas os Estados Unidos começaram a buscar inimigos por toda parte e, então, vieram o Iraque, a Síria, Iêmen, Paquistão e Indonésia. A lista de países que foram alvo da guerra ao terror é longa e os resultados, trágicos. 

Segundo Carlos Gustavo Poggio, PhD em Relações Internacionais, como os Estados Unidos estavam no auge de seu poderio, havia “uma certa arrogância” e os americanos pensavam que poderiam transformar o Iraque. O argumento, de acordo com Poggio, é de que eles haviam conseguido fazer o esperado com a Alemanha e o Japão. “Mas eles perceberam que não é tão simples assim”, explica. 

Um estudo da Universidade Brown estima mais de 800 mil mortes em apenas cinco países. Os civis foram, como sempre, as maiores vítimas. Os Estados Unidos injetaram trilhões de dólares na tentativa de transformar o Afeganistão em um país modelo à sua imagem. e semelhança, mas fracassaram.

A guerra do Iraque acabou, ao menos oficialmente, mas seu rastro de destruição continua a impactar a vida de centenas de milhares de pessoas. 

Às vésperas de o atentado de 11 de setembro completar vinte anos, o mundo assistiu o retrato deste fracasso: a volta do Talibã ao poder no Afeganistão. A queda relâmpago de Cabul tornou a retirada americana um pesadelo, com milhares de afegãos invadindo o aeroporto internacional da cidade, na esperança de fugir do país. Uma multidão tentava forçar a entrada em aviões.

Além de não conseguir derrotar o Talibã, os Estados Unidos fracassaram de forma monumental em sua estratégia de transformar o país em uma ilha de democracia em um mar de regimes teocráticos e autoritários. 

Sérgio Amaral, ex-embaixador dos Estados Unidos, explica que está havendo uma insurgência do terrorismo islâmico como vários lugares. “Não é o terrorismo poderoso como o de Bin Laden, que provocou o maior atentado dentro do solo americano, mas ele tem ramificações em vários países e sobretudo agora ele vai dar trabalho”, diz.

O Estado Islâmico substituiu a Al-Qaeda como maior inimigo. Síria e Iraque seguem destruídos e instáveis. Entre e derrotados e massacrados, o grande vencedor dessa guerra foi Vladimir Putin, presidente da Rússia.  Com a decisão americana de abandonar a sua política intervencionista no Oriente Médio, a Rússia se tornou a grande protagonista da região. Ao seu lado, a Turquia aproveita o vácuo de poder e tenta reavivar seu passado imperial.

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