Jornal da Band

Acervo do Museu do Ipiranga ajuda a contar a história do Brasil

Em quase 130 anos de história o museu do Ipiranga reuniu um acervo impressionante. Peças que nos ajudam a entender o processo de Independência do Brasil

Roberta Scherer

Em quase 130 anos de história o museu do Ipiranga reuniu um acervo impressionante. Peças que nos ajudam a entender o processo de Independência do Brasil. Mobílias, objetos e pinturas como a que retrata Maria Leopoldina, feita em 1921.

Artigos ligados a outros momentos da história também fazem parte como um lançador de boias inventado por Santos Dumont. Entre eles há uma liteira, que foi usada no período escravocrata. 

“Ele era movimentado por homens escravizados. Um na frente, um atrás, uma pessoa mantida dentro, e era transportado pelas ruas da cidade nesse sistema”, conta o curador e pesquisador Paulo Garcez.

São pedaços da história do Brasil, mas também de todo mundo que já passou por esses corredores. “A cor do museu sempre me chamou atenção. Era todo amarelinho por dentro, então dava aquela coisa vistosa de casa de vó. Aí subia as escadas e vinha os quartos. O que eu lembro e espero muito rever são as pinturas e murais maravilhosos”, relembra a empreendedora Thays Albuquerque.

Assim como o prédio, que passou por tantas reformas, as obras também foram recuperadas. O processo de restauração dos quadros é delicado. Remove sujeira, poluição, retoca danos físicos e substitui o verniz envelhecido.

“A gente passa por desafios, mas o trabalho finalizado traz uma realização. Faz parte da nossa profissão, esse prazer de trabalhar. Recuperar, entender o pintor, é fantástico”, diz Yara Petrella, chefe do setor de restauro. 

O retrato do padre Feijó, que foi regente no império, ainda não foi restaurado. “Isso aqui provavelmente vai ficar branco quando retirado. Esse fundo aqui, tudo vai ser extraído aquilo que não é original”, explica Yara. 

Muitas vezes o trabalho também é recuperar os traços originais do artista é quando entra a tecnologia, para ver o que foi feito há 200 anos. “Ela se apresentava com essa pena sobre o quepe tombada do lado direito. Através do exame de infravermelho, verificamos a camada inferior adjacente nós vimos que a camada original, como o pintor fez, era vertical, então isso foi recuperado”, conta Yara. 

A pintura foi feita no centenário da Independência, é do pintor italiano Domenico Failutti. É um dos destaques do salão nobre e será também das aulas do professor Bruno José da Silva quando o museu reabrir.

“A combatente baiana que é representada como uma das heroínas, uma mulher que luta, num momento que as mulheres não eram aceitas no exército. É uma espécie de mulan, usa o nome masculino, se traja como um, e vai para guerra”, conta Bruno. 

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