O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou no Uruguai, onde participa da Cúpula do Mercosul, e foi direto para casa do ex-presidente do país Pepe Mujica, com quem mantém amizade, numa chácara simples cerca de 40 km do centro de Motevidéu.
Além de Lula, o presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orci, que toma posse em março, foi convidado para o encontro com Mujica.
Na Cúpula do Mercosul, Orci quer mostrar que acredita mais na força do bloco do que o atual presidente, Luis Alberto Lacalle Pou. Na avaliação de diplomatas brasileiros, o mandatário não se empenhou o suficiente para o acordo de livre comercio entre Mercosul e União Europeia se concretizar.
O acordo com o bloco europeu está sendo costurado há mais de 20 anos e promete ser a cereja do bolo da cúpula nesta sexta-feira (6), com o possível anúncio do tratado, após a retomada da negociação em janeiro do ano passado. Até Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, foi para o Uruguai participar da principal reunião.
Segundo o chanceler do Uruguai, Omar Paganini, todos os países do Mercosul concordaram com o texto do tratado.
Na prática, os blocos prometem desburocratizar e reduzir os custos. O texto cria cotas de comércio livres de tarifas. O acordo pode atingir 780 milhões de pessoas e um fluxo de comércio de até R$ 274 bilhões em produtos.
Do lado dos europeus, o maior obstáculo é o protecionismo francês. Agricultores da França têm protestado com o bloqueio de estradas. O governo publicou que o projeto, como está, é inaceitável, na opinião de Emmanuel Macron. Já Alemanha, Espanha e Itália pressionam para que o anúncio não passe de amanhã.