Na mira da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi elogiado por Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (23) depois de ser criticado pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten.
No Amazonas e no Pará, o presidente fez questão de elogiar quem tem se tornado cada vez mais o alvo principal da comissão. Mesmo sem cargo no governo, o ex-ministro acompanhou Bolsonaro na viagem ao Norte do país. “Sem Eduardo Pazuello, não teria vacinação”, disse o presidente.
“Isso é um trabalho que vem lá de trás, do general Pazuello à frente do Ministério da Saúde, que fez o dever de casa lá atrás”, discursou o presidente.
Eduardo Pazuello, que é general da ativa, foi para a secretaria-geral do Exército, um cargo burocrático.
“É o seguinte: o camarada quando ele não tem função específica, ele fica adido. A secretaria-geral é um órgão do Exército subordinado diretamente ao comandante”, explicou o vice-presidente Hamilton Mourão.
A expectativa é que ele ganhe uma função no Planalto, mesmo depois de uma notícia definida por ministros palacianos como "péssima" para o governo.
Em entrevista à revista Veja, o ex-secretário de comunicação do Planalto disse que começou a negociar a compra de vacinas da Pfizer e que se o contrato tivesse sido fechado em setembro, as doses teriam chegado no fim do ano passado, o que não ocorreu, segundo Fábio Wajngarten, por "incompetência e ineficiência" do Ministério da Saúde comandado por Pazuello.
Pazuello e Wajngarten já seriam ouvidos pela CPI, mas agora, a maioria da comissão quer convocá-los de maneira urgente e defende, inclusive, uma acareação. Representantes do laboratório também vão depor. O clima no Planalto é de revolta.
Ministros afirmaram, em conversas reservadas, que o ex-secretário foi "covarde e na tentativa de querer poupar, complica a situação de Bolsonaro".
O ex-ministro da Saúde sempre disse que, na relação com o presidente, um manda e o outro obedece. Mas oposicionistas não duvidam que tenha sido uma jogada combinada para que Pazuello não seja responsabilizado sozinho.
“Há uma tentativa de terceirizar a responsabilidade do presidente da república e, de certa forma, preparar uma auto vacina, porque há coisas muito mal explicadas”, opinou o senador Humberto Costa (PT-PE).
Já os governistas afirmam que o presidente jamais abandonaria o ex-ministro e o que Wajngarten disse não compromete Bolsonaro.
“Pode ter certeza q essa CPI não irá, de forma nenhuma, atingir a pessoa do presidente”, garantiu o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
A instalação da comissão está marcada para terça que vem.