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Brasileiros que dão orgulho: descobertas importantes para o futuro

Na série especial do Jornal da Band sobre os brasileiros que dão orgulho, dois cientistas responsáveis por descobertas importantíssimas para o futuro da ciência no mundo

Da Redação, com Jornal da Band

Na série especial do Jornal da Band sobre os brasileiros que dão orgulho, dois cientistas responsáveis por descobertas importantíssimas para o futuro da ciência no mundo
Na série especial do Jornal da Band sobre os brasileiros que dão orgulho, dois cientistas responsáveis por descobertas importantíssimas para o futuro da ciência no mundo
Reprodução TV

O ano era 2014. Copa do Mundo no Brasil. Em campo, o inesquecível 7 a 1.

Na ciência, um golaço para o Brasil. Foi na abertura do Mundial que o “país do futebol” devolvia a um jovem paraplégico a possibilidade de andar de novo. Na beirada da Arena do Corinthians, em São Paulo, Juliano Pinto deixava uma marca. Com um exoesqueleto, conseguiu dar um chute.

E por trás de tamanha façanha, um cientista brasileiro: Miguel Nicolelis.

“Eu estava logo atrás dele, na entrada do campo. E eu olhar o estádio, ver as pessoas reagindo àquilo foi realmente um momento inesquecível, um momento que eu acho que eu posso considerar o mais impressionante, mais inesquecível da minha carreira toda”, lembrou.

Miguel liderou uma equipe de mais de 150 pessoas de 25 países, trabalhando juntas por mais de 17 meses. Tempo recorde para um projeto dessa magnitude.

Sete anos depois, o exoesqueleto já ganhou novas gerações e já conseguiu fazer com que pacientes recuperem alguns sentidos corporais. Um trabalho que coroa mais de 30 anos de pesquisa desse brasileiro.

Mas as revoluções de Nicolelis não findaram em 2014. Desvendar o cérebro humano sempre foi um desafio de vida. Em seus laboratórios, aqui no Brasil e nos EUA, Nicolelis investe agora na cura para o mal de Parkinson, uma doença que vai matando aos poucos as células do cérebro e afeta os movimentos do corpo.

Nicolelis descobriu um sistema de estimulação elétrica na medula espinha que simula os sinais de cérebro. “É uma interação direta com o cérebro através do que a gente chama de uma neuroprótese. São chips que a gente usa para interagir com o cérebro que podem permitir, no futuro, que a gente tenha soluções não medicamentosas para essas doenças”, descreveu.

Para o futuro, sobram desafios. Quem imagina, por exemplo, trocar o computador e o celular pelas conexões cerebrais?

O nanoscópio (e além)

Agora imagine ter o poder de ampliar qualquer coisa no mundo em 1 bilhão de vezes. É quase um superpoder, né? Mas o brasileiro foi capaz de transformar essa ideia em realidade.

É o nanoscópio, uma ferramenta poderosíssima que promete quebrar paradigmas na ciência. O poder dele é gigante – é como se a gente estivesse fora da órbita da Terra e pudesse enxergar lá de cima uma moeda de 10 centavos no chão de uma rua.

Foi no campus da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) que o nanoscópio ganhou vida. À frente deste projeto, o físico Ado Jorio, considerado um dos cinco maiores cientistas do mundo.

“A gente é capaz de descobrir, vamos dizer assim, um mundo que eu não vou nem limita-lo. Ele é inimaginável. Porque a gente agora é capaz de ver o que a gente não via antes, e logicamente, compreender. E compreendendo, fazer engenharia”, disse.

A mais recente descoberta do nanoscópio foi com o grafeno, um material com a espessura de um átomo de carbono, 1 milhão de vezes mais fino que uma folha de papel. O material mais leve e mais resistente já feito pelo homem. Uma fina camada poderia aguentar o peso de um elefante sem se romper.

“Ele pode passar, por exemplo, de um material isolante a um material condutor a um material supercondutor, que é um material que conduz energia sem perdas”, diz Ado.

Em um futuro próximo, o grafeno promete revolucionar a produção de eletrônicos. Será possível construir computadores e celulares que poderão ser enrolados como um jornal. Ele também vai estar na mobilidade, com baterias de carros elétricos muito mais duráveis. Será possível até armazenar energia nas roupas e na pele.

Mas com as nanoestruturas de Ado, é possível ir muito mais além. Com a luz que incide no fundo do olho, podemos encontrar proteínas ligadas ao Alzheimer, uma doença que atinge mais de 1,2 milhão pessoas no Brasil.

“Você vai no supermercado, tem um laser ali que vê o código de barras do produto, e com isso ele acessa uma informação, processa essa informação e te dá o preço. O que o sistema que a gente está desenvolvendo vai fazer vai ser, com um laser, olhar o fundo do seu olho, a sua retina, processar aquela informação e te devolver não um preço, mas te devolver o estado - no caso da doença de Alzheimer - de presença ou não dos indicadores da doença”, contou o cientista.

O nanoscópio já conseguiu vencer a fronteira dos laboratórios. O próximo passo é definitivo: ir para a indústria e ser comercializado, mostrando todo o potencial da ciência brasileira para o mundo todo.