A "Torre do Tombo", em Lisboa, é onde fica o Arquivo Nacional. Ele reúne os documentos da história de Portugal e também dos primórdios do Brasil. Em exposição no local é possível ver das descobertas europeias do Novo Mundo às novas tecnologias. Em uma das salas tem grandes tesouros que tem a ver com o Brasil.
Pêro Vaz de Caminha era o escrivão, que acompanhava a esquadra de Pedro Álvares Cabral, nas buscas pelas riquezas de um mundo, até então desconhecido. No local está uma das cartas dele onde relata as impressões sobre uma terra que mais tarde se chamaria Brasil.
Vaz de Caminha descreveu, com riqueza de detalhes, em letras elegantes, para o Rei de Portugal, Dom Manoel I, as maravilhas da descoberta de 22 de abril de 1500. Sobre os índios, ele contou:
"A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como tem em mostrar o rosto."
“É o primeiro encontro entre povos que não se conheciam, nomeadamente europeus e povos ameríndios. E esta carta traz ao nosso conhecimento esse convívio que se deu também entre os homens de Pedro Álvares Cabral e os índios tupiniquins, conhecendo seus hábitos, a maneira como suas plumas, alimentação”, conta Maria Trindade, guia educativa da Torre do Tombo.
Tudo na Torre do Tombo é gigante. São cerca de 50 mil metros quadrados que protegem mais de cem quilômetros de documentos.
Outra relíquia, que serviu para guiar as novas navegações, também está no local. A carta do Mestre João, um astrônomo que relata os primeiros detalhes do Cruzeiro do Sul é um dos objetos na Torre do Tombo.
Mestre João era carinhosamente chamado assim pelos companheiros de viagem e até hoje, esse é o nome nos registros da história. Ele era bacharel em artes, médico, astrólogo, cosmógrafo, mas embarcou como astrônomo da expedição.
“A missão de Mestre João, o astrônomo desta viagem, era relatar as dificuldades e novas possibilidades que ele vai descobrir ao fazer o registro desta constelação primordial e essencial para se navegar com segurança ao sul do Equador. As descobertas portuguesas não foram só descobertas de novas terras, mas também de novos céus e de novas estrelas. E as estrelas na altura da expedição portuguesa são uma espécie de GPS, de roteiro de viagem”, explica Maria Trindade.
O que tem dentro da "Torre do Tombo" é considerado pela UNESCO registro da Memória do Mundo. Uma memória que não foi destruída por pouco. Em 1755, um terremoto seguido de um tsunami e incêndios arrasou Lisboa e esses documentos estavam nas torres do Castelo de São Jorge, que veio abaixo.
Maria Trindade conta que as torres tombaram para a mesma direção e tudo ficou soterrado. Por isso os documentos não foram queimados pelos incêndios.
Na Torre do Tombo, centenas de profissionais trabalham para garantir que provas da história resistam ao tempo.
No setor de restauro, o processo é cuidadoso e demorado. Cada peça é única. São pergaminhos de anos e anos de Portugal e de outros países. Tudo tem que ser muito bem feito para proteger as peças até das pragas.
O Arquivo Nacional abriga uma quantidade gigantesca de documentos antigos desde o século 12, que só é superada pelo Vaticano e pelos britânicos.
As riquezas de detalhes dos documentos impressionam. Os documentos que estão guardados na Torre do Tombo, também estão disponíveis em um arquivo digital. Você vai poder viajar na história aí da sua casa.