Cid oferece colaboração à PF sobre vacinação, caso das joias e golpe de Estado

Reportagem da Band apurou que a Polícia Federal aceitou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Da redação

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ofereceu colaboração à Polícia Federal nos três temas pelos quais é investigado: vacinação, esquema das joias e tentativa de golpe de Estado ao espalhar fake news sobre o processo eleitoral.

Os advogados de Cid aconselharam-no a falar apenas sobre os cartões de imunização, mas a pressão familiar pesou. As informações foram apuradas pela Band com fontes ligadas à PF e à defesa do militar.

Militares que visitaram Cid, recentemente, afirmam que a esposa dele tem relatado problemas, como bullying com as filhas do casal, e insistido nos pedidos para que o marido não “pague sozinho a conta que não é só dele”. Os parentes do ex-ajudante de ordens acham que ele foi abandonado.

Cid precisa apresentar provas

A abertura de processo contra o pai do militar, o general da reserva Lourena Cid, também o motivou a fechar o acordo com a PF. Para fazer valer a delação, Mauro Cid precisa apresentar informações novas e provas.

“A lei exige, também, que, no caso da organização criminosa, ele diga quem faz parte da organização criminosa, quanto são, dois, são três são cinco, são 10. Ele tem que dizer a hierarquia, quem dá ordens ou quem dava ordens e quem obedecia às ordens. Tudo isso tem que ficar muito claro nesse acordo”, explicou o advogado Alberto Rollo.

Delação precisa ser homologada

A delação premiada, no entanto, ainda precisa ser homologada. Agora, o Ministério Público (MP) será informado sobre os termos do acordo.

Mesmo que o MP não concorde, desde 2018 a PF tem poder para fechar uma delação premiada. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), analisa se tudo foi feito dentro da lei e sem benefícios legais impossíveis de serem concedidos. Se aprovada, a delação corre sob sigilo e Cid perde o direito de ficar em silêncio nos depoimentos que prestar.

Caminho do dinheiro

Os investigadores estão interessados em seguir o caminho do dinheiro movimentado pelo tenente-coronel para identificar todos os envolvidos. A família Cid tem imóveis de luxo nos Estados Unidos. De acordo com delegados, o pai do ex-ajudante de ordens trouxe dólares para o Brasil.

Os advogados entendem que Cid deve sair da cadeia, preso desde maio por suspeita de falsificação do cartão de vacinação de Bolsonaro e da própria família. A decisão está nas mãos de Moraes, mas sem data para bater o martelo.

Relatório do TCU

O relatório do Tribunal de Contas da União aponta que Bolsonaro se apropriou indevidamente de pelo menos 118 presentes recebidos de governos estrangeiros, 17 deles de alto valor comercial. O ex-presidente tem dito a amigos que está tranquilo e que Cid não tem nada dele para delatar.

Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social e advogado Bolsonaro, emitiu um comunicado pelas redes sociais. O texto diz que o ex-presidente nunca teve qualquer ingerência na classificação de presentes e que a tarefa cabia ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.

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