O aumento de vagas no ensino técnico é uma alternativa para melhorar o emprego e renda no país. É exatamente este o tema de uma série especial do Jornal da Band, exibida a partir desta terça-feira (23). Para começar, nossa reportagem conheceu dois personagens que já se preparam para o futuro, o Otávio Boullon Lopes e o Matheus Pedrosa.
“É importante dizer que aqui todo mundo tem mil clientes, então, trabalha igual ao comercial mesmo, sabendo lidar com imprevistos, vendendo alguns de nossos produtos, consultorias de investimento também”, narrou Otávio ao comentar o dia a dia no trabalho.
O Otávio e o Mateus têm pouca idade, 17 anos, mas muita responsabilidade, pois trabalham num banco que, não por acaso, fica no mesmo endereço do colégio de ensino técnico onde estudam.
“Precisei amadurecer por conta da rotina, que era o maior e mais puxada. Eu já conversei com pessoas que trabalham em outras empresas, mais velhas, de 30, 40 anos, que foram aprender com 25 na faculdade, com 23, e eu vejo que eu consigo conversar de igual por igual”, considerou Matheus.
Meta comprometida
Pelas contas do Ministério da Educação, o número de alunos em escolas técnicas gira em torno de 2 milhões, bem abaixo da meta fixada em 2014, cuja expectativa é de 5 milhões de matrículas até o fim de 2025.
“Acho que o ensino técnico, no Brasil, ainda é muito estereotipado. Então, a gente ainda ouve algumas pessoas que acham que ele é voltado para as populações mais vulneráveis, que ele é voltado para pobres. Então, acho que isso acaba atrapalhando até um pouco do próprio desenvolvimento do ensino técnico como um todo”, analisou Fernanda Yamamoto, especialista em educação.
Brasil vs Europa
No Brasil, só 9% dos alunos se formam no ensino técnico. Em vários países da Europa, eles são maioria. Por exemplo, na Áustria e Suíça, 70%; No Reino Unido, 60%.
“A gente forma alunos jovens, que são egressos do ensino médio três vezes menos do que Alemanha, Costa Rica, Colômbia, que estão aqui na América Latina. E esses alunos começam a produzir mais cedo, mas com uma vantagem: podem trazer novas competências, ajudar a indústria se desenvolver com as competências que as entidades de educação profissional e tecnológica transferem dentro do seu curso”, explicou Mateus Simões, gerente de Educação Profissional e Superior do Senai.
Poucas vagas no Brasil
As poucas vagas em escolas técnicas de excelência são disputadíssimas, o que limita a entrada de alunos que cursaram o ensino fundamental em escolas públicas. Foi para driblar essa realidade que um cursinho popular abriu as portas.
“Sem conhecimento, eles não têm condições de competir com aquilo exigido na prova. Então, a gente tem esse curso para dar toda uma base, para eles conseguirem, no final, fazer o processo seletivo”, pontuou o professor de matemática Jackson Ferreira, coordenador do cursinho popular visitado pela Band.
Um estudo do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) calcula que o jovem com qualificação técnica pode ter remuneração 32% maior. Além disso, a mão de obra mais qualificada tem potencial para impulsionar a economia do país.