Constelação Familiar conquista adeptos mesmo sem ser reconhecida pela psicologia

Prática terapêutica que está disponível pelo SUS causa polêmica e é criticada pelo Conselho Federal de Psicologia

Por Márcio Campos

Constelação Familiar conquista adeptos mesmo sem ser reconhecida pela psicologia
Constelação Familiar é criticada pelo CFP
Reprodução/Freepik

A Constelação Familiar ou Constelação Sistêmica, criada nos anos 1980, ganha cada vez mais seguidores no Brasil. A prática terapêutica, que consiste em sessões em que um 'constelador' auxilia o 'constelado' a enfrentar problemas atuais que podem ser influenciados por traumas sofridos em gerações anteriores. 

Desenvolvida pelo ex-padre Bert Hellinger, que não tinha nenhuma experiência em psicoterapia, a prática é criticada por especialistas, que ainda alertam para premissas preocupantes. Segundo o sociólogo Mateus França, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a prática não tem respaldo científico. 

"Mesmo a pessoa violenta, ela não pode ser excluída, senão o sistema fica prejudicado e começa a se punir, fazendo com que apareçam mais pessoas violentas. Essa afirmação não tem respaldo em evidências concretas, históricas e científicas", pontua o sociólogo. 

Apesar disso, o método conquista adeptos, como a cantora Anitta, que recentemente fez uma tatuagem homenageando a técnica. Solange Bertão, que é psicóloga, trabalha também com constelações, mas apesar de defender a eficiência do método, não o pratica no trabalho. 

"É um trabalho fenomenológico, não tem nada a ver com religião ou psicologia, ou qualquer área. Basicamente você herda da família não só o físico, mas também o emocional, o sentimento, comportamento dos ancestrais", afirma. 

Essa prática não é reconhecida no Brasil, mas mesmo assim está disponível no SUS desde 2018. O pedido para regulamentação foi feito pela Associação Brasileira de Constelações Sistêmicas no ano seguinte e é analisado pela Justiça desde então. 

O Conselho Nacional de Justiça reconhece que a técnica é utilizada em tribunais para resolução de conflitos, mas não a recomenda. O Conselho Federal de Medicina afirma ser contrário à técnica, que não apresenta resultados e eficácia comprovada cientificamente. Para o Conselho Federal de Psicologia, a prática é "incompatível com os princípios éticos e científicos da profissão". 

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