Em uma reunião na noite desta quarta-feira (28), o comando da CPI da covid bateu o martelo e definiu os primeiros a serem ouvidos na comissão a partir da próxima semana. Estão na lista os ex-ministros da saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, demitidos por Jair Bolsonaro da pasta em 2020 por defenderem medidas como distanciamento social, medidas de prevenção e uso de medicamentos sem comprovação científica contra o coronavírus. As informações são do repórter Alex Gusmão, no Jornal da Noite.
Na próxima terça-feira (4), serão ouvidos Mandetta e Teich. No dia seguinte (5), será a vez do também ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Na quinta (6), o atual ministro, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Para o dia 11 de abril está prevista a convocação do ex-secretário de comunicação do governo, Fábio Wajngarten.
O comando da comissão estabeleceu o plano de trabalho que vai ser colocado em votação na sessão desta quinta. Segundo o vice-presidente do colegiado Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é preciso “sistematizar e organizar todas as sugestões apresentadas ao grupo”. Já são 285 requerimentos para convocar testemunhas e requisitar informações a órgãos públicos.
Questões administrativas também em estiveram na pauta da reunião pré-sessão. Um ponto importante vai ser pedir à Policia Federal um delegado para ajudar na elaboração do inquérito. O mesmo pedido será feito ao Tribunal de Contas da União, para que um técnico e do TCU também colabore nas investigações.
Entre os sete senadores de oposição e independentes que formam a maioria da CPI, não há preocupação com o questionamento feito por governistas ao Supremo Tribunal Federal. Governistas pediram ao STF para impedir que parlamentares ligados a governadores continuem na comissão. O suplente Jader Barbalho é pai do governador do Pará, Renan Barbalho, enquanto o relator Renan Calheiros (MDB-AL), é pai de Renan Filho, de Alagoas. O caso está com o ministro Ricardo Lewandowski, e a tendência é que ele não interfira por se tratar de questão interna do Senado.
Bolsonaro segue fazendo críticas à CPI e cobra a investigação de governadores e prefeitos.
“CPI pra investigar o que? Eu dei dinheiro para os caras. O total foram mais de 700 bilhões de reais, auxilio emergencial no meio. Muitos roubaram dinheiro, desviaram. Agora vem uma CPI querendo investigar conduta minha. 'Se ele foi a favor da cloroquina ou não'. Pô, se eu tiver um novo vírus, eu vou tomar de novo, me safei em menos de 24 horas, assim como milhões de pessoas”, disse o presidente, novamente defendendo medicamentos sem uso comprovado pela ciência.