O comandante do Exército brasileiro mandou prender ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)? De acordo apurações da Band Brasília, sim, baseadas na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República. Aliados falam que depoimento é uma história para limpar a barra do militar e da corporação.
De acordo com Cid, a ameaça ocorreu depois que Bolsonaro, supostamente, sugeriu um golpe de Estado aos comandantes das Forças Armadas. Quem teria falado em prisão foi o general Freire Gomes.
Bolsonaro teria recuado ao dizer que apenas fez uma consulta sobre o tema. O comandante da Aeronáutica também não topou. Só o chefe da Marinha colocou as tropas à disposição. Cid, porém, terá que provar o que disse.
O atual ministro da Defesa, José Múcio, disse que espera que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e a Justiça indiquem, para serem punidos, os nomes dos militares que tinham planos golpistas.
“Na realidade, a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder, largar o poder. As Forças Armadas garantiram o a posse do presidente e nós vimos a nossa plenitude democrática. Evidentemente que nós precisamos esclarecer algumas coisas para que deixamos de suspeitar de todo o mundo e possamos punir os culpados”, pontuou Múcio.
Atuação da CPMI
A CPMI teve acesso a mensagens que comprovam o convite para duas reuniões no Palácio do Alvorada, fora da agenda oficial do então presidente. Foi Cid quem teria convocado os comandantes das Forças Armadas por e-mail e WhatsApp.
Foram dois encontros, nos dias 14 e 18 de novembro, pouco depois da derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Na ocasião, foi apresentada uma minuta prevendo intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a prisão de ministros e opositores.
Aliados de Bolsonaro
Reservadamente, aliados de Bolsonaro afirmam que Cid criou essa história para limpar a barra dele e do Exército. A CPMI aprovou a convocação do general Augusto Heleno, ex-ministro chefe do Gabinete De Segurança Institucional (GSI) para saber se ele também teve acesso à minuta do golpe.
Para a Polícia Federal (PF), a minuta era tratada como documento oficial pelo governo Bolsonaro, já que foi submetida a Anderson Torres, então ministro da Justiça, e à cúpula das Forças Armadas.
Bolsonaro e os chefes militares do governo passado ainda não se manifestaram. A defesa do ex-presidente afirmou, na última quinta-feira (21), que o ex-presidente jamais compactuou com projetos fora da Constituição e que adotará medidas judiciais contra qualquer manifestação caluniosa.