“Destruição massiva”, diz palestino que tentava achar sua casa após cessar-fogo em Gaza

Ataques israelenses mataram mais de 46 mil palestinos, a maioria crianças e mulheres

Felipe Kieling

“Destruição massiva”, diz palestino que tentava achar sua casa após cessar-fogo em Gaza
Faixa de Gaza
REUTERS/Mahmoud Issa

Os primeiros reféns e prisioneiros foram libertados e já tiveram contato com seus familiares A ajuda humanitária começou a entrar no território palestino, mas ainda será necessário muito trabalho para reconstruir o enclave.

Neste segundo dia de cessar-fogo, civis palestinos puderam voltar para suas casas - ou para o que restou delas. Pelo alto, a dimensão da destruição na Faixa de Gaza impressiona. Quase não há casas ou prédios de pé.

"É uma destruição massiva, olhando em volta é como se fosse um terremoto devastador", diz Mahmoud, que tenta achar sua casa em meio às ruínas.

São toneladas de escombros, lembranças soterradas e a árdua tarefa de reconstruir um território bombardeado inúmeras vezes, em 15 meses de guerra. Os ataques israelenses mataram mais de 46 mil palestinos, a maioria crianças e mulheres. Um relatório das Nações Unidas mostra que 92 por cento das casas na Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas.

Quase dois milhões de palestinos precisam urgentemente de abrigo. Em uma terra em que falta tudo, civis desesperados lutam pelo básico. Em Rafah, no sul do enclave, dezenas de pessoas subiram nos caminhões com ajuda humanitária e saquearam parte da carga. 

Com a fronteira com o Egito reaberta, o fluxo de carretas levando mantimentos é intenso. Ontem, mais de 600 entraram no enclave, carregando água, comida e remédios.

A trégua começou no domingo com os dois lados cumprindo o que foi definido no acordo. O Hamas libertou 3 mulheres capturadas no ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 que matou mil e duzentos israelenses. Hoje, elas puderam sentir o carinho de familiares no hospital, onde recebem acompanhamento médico e psicológico.

Israel, por sua vez, libertou 90 palestinos, também recebidos com muita festa na Faixa de Gaza. Neste próximo sábado, mais reféns e detentos devem ser liberados como parte do acordo.

O cessar-fogo trouxe um alívio momentâneo, mas ainda existem muitos questionamentos em relação à paz duradoura. Israel prometeu terminar com a guerra só quando o Hamas for aniquilado. Mas o grupo ainda demonstra capacidade militar e política de se organizar na região.

Israel enxerga o grupo como uma ameaça existencial, o que perpetua uma política de bloqueio e ataques. Apesar das perdas significativas de líderes e infraestrutura, o grupo mantém uma forte rede de apoio em Gaza e na região. Uniformizados, exibiram armas e partiram em carreata gritando vitória em meio à multidão.

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