Saulo Moura, ex-diretor geral da ABIN, citou na sessão da CPI dos atos antidemocráticos desta terça-feira (1º) que a Agência Brasileira de Inteligência sabia do aumento da movimentação de manifestantes em Brasília seis dias antes dos atos de oito de janeiro. Além disso, Moura citou que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias, foi informado da situação.
“Eu encaminhei pessoalmente, do meu telefone celular diversos alertas para o general Gonçalves Dias, diversos”, contou Saulo Moura. O general teria respondido: ‘Acho que vamos ter problemas’.
Na segunda-feira (31), o Exército divulgou um relatório apontando falhas do planejamento do GSI na proteção do Palácio do Planalto em oito de janeiro. Essas falhas teriam facilitado a invasão do prédio. O governo Lula nega qualquer tipo de omissão e responsabiliza as forças policiais do Distrito Federal.
CPI do MST cobrou monitoramento da Abin
O general Gonçalves Dias foi ouvido na CPI do MST e foi cobrado pelos deputados federais sobre o monitoramento do movimento pela ABIN. Dados da frente parlamentar do agronegócio apontam 57 invasões nos últimos seis meses, praticamente o mesmo número dos quatro anos do governo anterior.
Gonçalves Dias se defendeu na CPI e afirmou que não acompanhou o assunto. “Não tenho conhecimento, não posso fazer nenhuma afirmação sobre isso”, afirmou. O relator da CPI, Ricardo Salles, diz que isso denota conivência do governo.
A CPI convocou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para falar da relação entre governo e o MST. A convocação é uma resposta à invasão feita pelo MST numa fazenda da Embrapa em Petrolina, Pernambuco. Eles enxergam conivência do governo Lula com as invasões e destacam que, durante o funcionamento da CPI no primeiro semestre, não aconteceram invasões.