Exclusivo: investigação identificou suspeita de lavagem de dinheiro em negociação de jogador

PF encontrou indícios em negociação que poderia ter sido feita para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas

Por Rodrigo Hidalgo

Uma investigação da Polícia Federal sobre tráfico de drogas identificou suspeitas de lavagem de dinheiro na negociação de um jogador de futebol.

Atacante rápido e bom finalizador. Diogo Vitor surgiu nas categorias de base do Santos e jogou com craques como Rodrygo e Gabriel Barbosa, o Gabigol.

A carreira de Diogo Vitor começou a entrar em decadência quando ele foi pego no exame antidoping, em 2018 por uso de cocaína.

O atleta foi afastado dos gramados por um ano e meio. Depois disso ainda conseguiu contratos com grandes clubes brasileiros: Corinthians e Cruzeiro. No time mineiro não chegou nem a jogar. O agente do atacante era Willian Barile Agati, hoje preso acusado de tráfico internacional de drogas e organização criminosa.

A contratação do atleta pelo Cruzeiro em 2021 apareceu em uma grande investigação da polícia federal, a qual o Jornal da Band teve acesso com exclusividade.

Os policiais encontraram indícios de que a negociação foi apenas uma artimanha para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Existe até a suspeita de participação de quem dirigia o clube na época.

Três meses antes de Diogo Vitor assinar com o Cruzeiro, o agente dele depositou para o clube, por meio de uma de suas empresas, três milhões e cinquenta mil reais em 9 transferências. Dias depois do último depósito, o Cruzeiro passou a devolver parte do dinheiro nas contas pessoal e da empresa de Willian Barile. Foram 19 transferências totalizando quase R$ 1,6 milhão.

No relatório, a Polícia Federal diz: "tudo indica que consistiu numa operação fraudulenta realizada com objetivo de promover o branqueamento dos valores transacionados" e que "não há dúvidas de que houve a participação ou, no mínimo, a conivência do clube de futebol em aderir ao esquema criminoso."

“Valores que aparentemente não eram compatíveis com as condições do próprio jogador e valores estes que foram destinados não ao jogador, mas sim a empresa que o agenciava indicando que possivelmente seria uma metodologia também usada para lavar esse dinheiro do tráfico”, disse o delegado da PF Eduardo Verza.

As investigações continuam e o caso ainda não foi levado ao Ministério Público.

Procurado, o Cruzeiro Esporte Clube disse, em nota, que a gestão atual começou em maio de 2024 e que não tem conhecimento sobre as denúncias investigadas, mas se colocou à disposição das autoridades. Já o ex-presidente do cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, que esteve à frente do clube em 2021, afirma que Diogo Vitor foi cedido sem custo.  Segundo ele, as transferências bancárias entre o Cruzeiro e o empresário referem-se a um contrato de empréstimo feito por Barile ao clube mineiro, sem qualquer vínculo com o jogador.

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