Expectativa para reabertura do Museu do Ipiranga é grande

Tudo no Museu do Ipiranga é grandioso

Roberta Scherer

Tudo no Museu do Ipiranga é grandioso. Do cuidado com os objetos e obras de arte que contam nossa história, até a tecnologia empregada para transformar o museu mais popular do país, um dos museus mais visitados em um lugar que vai unir tradição e modernidade, como os museus mais famosos do mundo. 

O Museu do Ipiranga ou Museu Paulista. O museu dos encontros cívicos, das crianças brincando na fonte, da turma da faculdade, da fantasia de carnaval, do casal de noivos que hoje é da Universidade de São Paulo, mas que já foi da Secretaria de Educação.

Museu que ocupa um lugar especial no coração dos moradores do Ipiranga, principalmente dos mais apaixonados como seu Domingos. “Ali existia o vai e vem. Os moços ficavam parados e em volta do jardim e as moças andando. Era um jeito de paquerar. Chamava o vai e vém do Ipiranga, era famoso na época de 1940 e foi ali que surgiu o namoro do meu pai e da minha mãe que foi no jardim francês. Olha que coisa romântica”, contou. 

A beleza do prédio é tamanha que é comum que pessoas que não conheçam a história do museu pensem que se trata, na verdade, de um antigo palácio - moradia da família real. 

Só que a verdade é que é um monumento encomendado por Dom Pedro segundo para homenagear os feitos da coroa e do pai Dom Pedro I.

A construção foi feita, porque foi às margens do rio Ipiranga que então príncipe regente, no dia 7 de setembro de 1822 recebeu uma carta da esposa, a princesa Leopoldina. Ao perceber a necessidade de romper com Portugal declarou independência ali mesmo. 

Curiosamente o prédio só foi só foi entregue em 1895, quando a República já era uma realidade a Monarquia tinha caído em desgraça. As primeiras exposições foram então de história natural, mas depois de tanto tempo o acervo é vasto e conta com peças ligadas a história, artes, biologia, etnografia.

O público do museu foi crescendo a partir dos anos 20, e chegou ao pico de visitantes na década de 70.

“Ao longo da semana o predomínio era de professores e seus alunos dos mais variados níveis escolares, e que aos finais de semana havia um predomínio de famílias, famílias inteiras, avô, avó, o pai, a mãe, as crianças. O interessante disso tudo é que pais e avós contavam para as crianças como era o museu na época deles porque eles já tinham estado lá”, conta Cecília Helena Lorenzini, ex-diretora do museu.

Depois de mais de 20 anos trabalhando lá, percebeu o interesse de pessoas de todas as regiões do Brasil. A instituição no Ipiranga sempre foi popular.

“Pessoas mais simples, analfabetos ou não, entravam, andavam, iam, voltavam e tinha uma tradição das escolas levarem os alunos lá, escolas públicas preferencialmente. Era preciso ir porque aquilo que estava nos livros, as professoras faziam os alunos entender como é que era lá”, conta Cecília. 

‘Quer dizer que você veio como aluno e como professor? Sim, trazendo meus alunos, lembrando dos museus, é o reconhecer aquela imagem impressa no livro didático de verdade, ao vivo. E isso você guarda, vai lembrar”, explica o professor de história Bruno José da Silva. 

Junto ao prédio fica o parque e o monumento a Independência, que ainda recebe milhares de visitantes por ano. “Isso aqui é a coisa mais linda do mundo. O meu museu é o meu museu, eu tenho orgulho de falar que eu moro no Ipiranga por causa do meu museu. A saudade está imensa”, afirma a professora aposentada Leila Silva. 

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