Tudo vira música com Hermeto Pascoal, dos mais variados objetos e até mesmo animais. O artista e multi-instrumentista de 88 anos, que acaba de lançar a biografia “Quebra Tudo”, diz que “nasceu música” e tem uma relação íntima com a arte musical.
“Sinto que foi algo lá do universo mesmo, por isso chamo a música de ‘música universal’, porque foi e é como sinto as coisas: 100%. Eu não premedito nada, se eu premeditar, eu não faço. Sempre fui intuitivo, então tudo o que faço é intuitivo, universal, não fico preparando ou esperando", explica Hermeto Pascoal.
No começo da carreira, Hermeto dizia que fazia música até com tartaruga e que “o negócio é compor”. O tempo passou e ele segue o mesmo. “Fazia tudo com certeza, a imprensa achava que era experimentalismo e não era, eu sou um cara do mato, me sinto um animal, um bicho, me criei com os animais”, aponta.
E foi da essência do improviso que veio o título do livro, como explica o escritor da obra, Vitor Nuzzi. “Hermeto às vezes assustava os músicos, mudava o que era ensaiado, tirava partitura, mandava alguém abrir o show sem avisar e falava: ‘Vai, quebra tudo’. Acho que isso resume bem a trajetória do Hermeto. Ele quebrou paradigmas, regras”, diz.
Se a gente pode dizer que a música tem regras, Hermeto quebrou todas. - Vitor Nuzzi.
Ao longo de 70 anos de carreira, Hermeto compôs cerca de 10 mil músicas. Mas ele garante que o número pode aumentar ainda mais. Há muito a ser feito. “Deus me deu 105 anos de vida, achei bom, ele disse: ‘Não, ou eu deixo 105, ou levo você logo’. E eu disse: ‘Não, então deixa’”, diz. Por isso, Hermeto Pascoal garante que ainda tem muito show e coisas a fazer.