Nunca se viu tanto fogo, tantas queimadas e incêndios pelo Brasil. É o que mostram os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais — o INPE. Só nos primeiros seis meses do ano, foram 3.500 focos no Pantanal e 13.200 no Cerrado.
A devastação é a maior já registrada desde o começo da série histórica, iniciada em 1998. Enquanto isso, servidores do IBAMA e do Instituto Chico Mendes, responsáveis pela fiscalização e proteção do meio ambiente, estão em greve há quase um mês.
O secretário responsável pelo controle de desmatamentos e queimadas do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, disse que a paralisação não afeta o combate ao fogo. "Os servidores do Ibama que estão em greve não são os servidores da linha de frente do combate aos incêndios. Tem servidores na área de fiscalização, tem servidores na área de licenciamento ambiental, tem servidores administrativos, tem servidores espalhados por todo Brasil", diz.
O secretário também anunciou a liberação de R$ 150 milhões do orçamento extraordinário para contratar brigadistas e alugar aeronaves para combater os incêndios, caso necessário.
Para o pesquisador da EMBRAPA Evaristo de Miranda, acusar este ou aquele governo pelo aumento das queimadas não resolve o problema. "Onde estão concentrados os incêndios, o fogo, as queimadas? Nos locais mais atrasados mais pobres, menos desenvolvidos, em áreas indígenas e unidades de conservação. Basta ver o mapa dos satélites", indica.
O fogo também atinge o Tocantins, onde o fogo estava concentrado na área indígena de Kraolândia, dos Xerente. No Maranhão, nas áreas de agricultura atrasada, como nas terras onde vivem os Guajarás, Cana-Brava e Canela. E também Mato Grosso, na área dos Utiariti.
Apesar do governo comemorar a redução de 55% nos focos de incêndio, o estrago está feito e pode piorar, já que o período de estiagem vai até setembro.