Inclusão de adultos autistas no mercado de trabalho ainda é desafio no Brasil

Mesmo entre aqueles que precisam do menor suporte, apenas cerca de 15% de adultos autistas têm acesso ao mercado de trabalho

Da redação

Inclusão de adultos autistas no mercado de trabalho ainda é desafio no Brasil
Reportagem mostra desafios para incluir adultos autistas no mercado de trabalho
Reprodução/Jornal da Band

Todos os meses, cerca de 25 mil pessoas passam pelo Museu da língua Portuguesa, em São Paulo. A Larissa Trindade é uma das orientadoras. Apesar da brilhante atuação, quem a vê lidando tão bem com imprevistos e sociabilidade, não imagina a caminhada dela para chegar a tal posição.

Diagnosticada com autismo, aos 18 anos, atualmente, Larissa participa de terapia para adultos no Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

“Um professor que participou no grupo perguntou: ‘Qual o maior medo de vocês?’, ‘O que te deixa bravo?’. A maioria dizia que era ficar só. Então, os autistas não vivem num mundo particular. A gente vive no mesmo mundo das pessoas não autistas e queremos fazer parte”, comentou Larissa.

Tratamentos para adultos

Enquanto os atendimentos voltados para as crianças se multiplicaram, as portas abertas para adultos são poucas no Brasil. Na Unifesp, o serviço começou em 202. Hoje, cerca de mil pessoas estão na fila de espera, para diagnóstico e/ou atendimento.

“Então, as clínicas ficam nesse foco de identificação precoce. Os profissionais particulares também, atendendo até determinada idade. Depois, não atendem mais. E você faz o quê? Quando sai da escola e perde a rotina, perde a vida social. Muitas vezes, fica em casa com suas famílias”, analisou a psiquiatra Daniela Bordini.

A Associação Amigos do Autista (AMA) mantém um dos poucos espaços que atendem adultos na cidade de São Paulo. No local, a entidade também possui uma residência terapêutica, uma das poucas no país, na rede pública, que atende apenas os maiores de 18 anos autistas.

O autismo é uma condição para a vida toda. Incluir esse grupo, no entanto, principalmente os adultos, ainda é um grande desafio. Mesmo entre aqueles que precisam do menor suporte, só 15%, aproximadamente, têm acesso ao mercado de trabalho. Para mudar esses números, é preciso transformar o pensamento.

Reencontro

Em 2019, a Band exibiu uma reportagem sobre a inclusão de autistas no mercado de trabalho. Cinco anos depois, nossa reportagem reencontrou o auxiliar de TI Rodrigo Noe, diagnosticado aos 31 anos, ainda mais seguro, independente e orgulhoso de si.

“Sou autista com muito orgulho, o orgulho de ser atípico, de ser neurodiverso, de incluir na sociedade, de representar uma classe que é muito especial para as pessoas, que transborda amor e esperança de uma vida melhor”, comemorou Rodrigo.

Outras reportagens

Ao longo da semana, o Jornal da Band exibiu outras reportagens da série especial “Ser Autista”. Veja abaixo!

Acesso à informação sobre autismo rompe preconceitos na conquista de espaços

Famílias de autistas ainda batalham por acompanhamento escolar adequado

Fila do SUS é obstáculo para autistas de baixa renda que buscam tratamento digno

Mais notícias

Carregar mais