Os mísseis norte-americanos foram anunciados às 5h35 da manhã de 20 de março de 2003, há 20 anos nesta segunda-feira (20). A guerra do Iraque durou oito anos e oito meses, matando 280 mil iraquianos e 8.250 americanos, além de custar aos Estados Unidos US$ 3 trilhões de dólares e ao Reino Unido, US$ 9 bilhões.
No território alvo dos mísseis, estavam o repórter da rádio e televisão de Portugal e da rádio Bandeirantes, Carlos Fino, o primeiro do mundo a mostrar o início da guerra. E dois únicos brasileiros: o repórter Sérgio Dávila e o fotógrafo Juca Varella, do Jornal Folha de S.Paulo.
“No exato momento que a guerra começou eu estava na varanda do Hotel Palestine com o Juca Varella e por uma sorte dele na verdade por profisssionalismo dele, ele conseguiu captar ele conseguiu captar o exato momento do primeiro artefato caindo no complexo de palácios do Saddam Hussein, no que depois ficou conhecido como zona verde”, conta Sérgio Dávila.
Após o bombardeio de 20 minutos, Dávila e Varella documentaram os estragos dos mísseis, escoltados por um intérprete-espião iraquiano. “Obviamente ele não podia nos levar até o complexo de palácios do Saddam Hussein, era proibido, mas ele nos levou a uma escola que tinha sido atingida”, conta.
“As tais bombas inteligentes do presidente George W. Bush, não eram tão inteligentes assim porque qualquer desvio de ar qualquer choque no meio do caminho elas podiam cair no lugar errado, eles também tinham inteligência muito antiga”, afirma.
A coligação inicial de seis países liderada pelos Estados Unidos, ampliada depois para 42 países, tinha o objetivo de neutralizar as armas de destruição em massa do ditador iraquiano Saddam Hussein, 24 anos no poder. Mas nenhuma foi encontrada.
O centro para integridade pública americano contou pelo menos 935 mentiras do presidente George W. Bush para justificar a invasão ao Iraque, que obteve o apoio de 73% dos americanos, sob o trauma do ataque às Torres Gêmeas em Nova York e ao Pentágono em Washington, dois anos antes.
Em 1979, a Band esteve no Iraque, que era parceiro comercial do Brasil. Pelo menos 10 mil trabalhadores brasileiros foram para lá. Escolas, hospitais e clubes foram construídos no deserto, durante o governo de Saddam Hussein. Com a guerra, a população, que já sofria consequências da ditadura, tiveram de enfrentar bombardeios diários e a tomada do controle por norte-americanos.
“Virou uma terra de mortos vivos, não tinha mais energia, não tinha mais luz, não tinha mais comida, não tinha mais água, e as pessoas estavam saqueando, as pessoas destruíram a biblioteca de Bagdá que tinha textos milenares. As pessoas iam destruindo tudo o que viam pela frente. Pela raiva contida, depois de uma ditadura tão duradoura, um pouco por desespero para pegar coisas e trocar por dinheiro", conta Sérgio Dávila.
Hoje, 62% dos americanos lamentam a guerra batizada de ‘liberdade do Iraque’. O ditador Saddam Hussein foi capturado em um buraco em Tikrit, cidade natal dele, em dezembro de 2003 e enforcado em 2006.
“Fica difícil imaginar o Saddam Hussein ali dentro. O que se sabe é que ele só entrava nesse buraco quando os americanos se aproximavam dessa região e logo em seguida ele saía”, conta Roberto Cabrini, enviado especial da Band à época.
“Mas mostrar o buraco onde o Saddam hussein foi encontrado, um líder que detinha tanto poder era interessante para os americanos porque desmistificava o líder marcado por tanta força, um líder que deteve o poder por 24 anos”, completa.
20 anos depois, o jornalista iraquiano Kamal Al-Kaabi afirmou que George W. Bush prometeu que o Iraque se tornaria um paraíso, mas até agora, os iraquianos não viram a promessa ser cumprida.