Entre toneladas de lixo acumuladas pelas ruas de Paris, manifestantes e grevistas gritam contra a reforma da previdência francesa, aprovada nesta quinta-feira (16) após uma manobra do presidente Emmanuel Macron. A proposta mais polêmica da reforma é o aumento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos, a partir de 2030.
A França também quer antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 e não 42 como atualmente, para que o trabalhador tenha direito à pensão integral. Dois em cada três franceses são contra a reforma, mas o governo Macron foi duro.
Sob vaias, a primeira-ministra Elizabeth Borne ativou o polêmico artigo 49.3 da constituição francesa, um dispositivo que permite a aprovação da reforma sem o voto da Assembleia Nacional.
Esse recurso já foi acionado dez vezes por Borne desde o início de seu mandato, há quase um ano, especialmente em impasses nas votações de projetos de lei no campo das finanças públicas. Só que é considerado um instrumento autoritário do governo. Por isso, os deputados protestaram cantando a Marselhesa, o hino nacional francês. A sessão chegou a ser suspensa por dois minutos.
A imposição do aumento da idade da aposentadoria deve causar mais problemas ao governo de Emmanuel Macron. Os deputados podem apresentar um voto de desconfiança contra o governo. Se a moção for aprovada, a premiê precisa renunciar.
Caberia, então, ao presidente Emmanuel Macron dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições parlamentares antecipadas. Enquanto isso, os sindicatos prometem mais mobilizações por toda França. Os coletores de lixo e garis dizem que vão ficar parados até o dia vinte.