O médico Marcelo Queiroga aceitou o convite de Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde. O presidente confirmou a troca no comando da pasta em contato com apoiadores no inicio da noite desta segunda-feira (15).
Com isso, ele será o quarto ministro da pasta no governo Bolsonaro, substituindo o general Eduardo Pazuello. Antes dele, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich ocuparam o cargo.
“A conversa foi excelente. Eu já o conhecia há alguns anos, então não é uma pessoa que eu tomei conhecimento há alguns dias, e tem tudo, no meu entender, para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo que o Pazuello fez até hoje. No tocante às vacinas, um programa bastante ousado, mais de 400 milhões de doses contratadas até o fim do ano, e essa política de vacinação em massa continuará cada vez mais presente em nosso governo”, disse o presidente, elogiando a gestão do general na pasta.
O novo ministro é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e próximo de um dos filhos de Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), segundo o repórter Caiã Messina, no Jornal da Band.
Com a troca, o Planalto espera mais agilidade na distribuição de vacinas, mas quer que ele não se envolve em polêmicas, como a questão do tratamento precoce da covid-19, defendido pelo presidente por diversas vezes, e a adoção de lockdown em cidades diante do aumento de casos e leitos de UTI ocupados com infectados em tratamento.
Antes de Queiroga, a cardiologista Ludhmila Hajjar foi convidada para substituir Pazuello e chegou a se reunir com Bolsonaro no último domingo. A recusa da cardiologista já era esperada no Planalto. Na conversa com Jair Bolsonaro, ficou claro que a médica não encampa discursos do presidente. É a favor de vacinas, medidas de isolamento e contra o tratamento precoce. Além das diferenças técnicas e ideológicas, ela declarou que pesaram na decisão as ameaças de morte e até tentativas de invasão ao quarto onde se hospedou em Brasília.
O novo ministro assume o cargo em meio ao momento mais crítico da pandemia de covid-19, que já computa mais de 278 mil mortos no Brasil em pouco mais de um ano. Bolsonaro prevê que o processo de transição do cargo dure ao menos duas semanas. O nome do novo ministro será publicado no Diário Oficial desta terça.
Perfil técnico
Marcelo Queiroga tem 55 anos e é paraibano, de perfil técnico e tem bom trânsito em Brasília. Ele já tinha sido chamado para integrar a direção da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) este ano, e foi cotado para o próprio Ministério da Saúde depois da saída de Luiz Henrique Mandetta.
No enfrentamento à pandemia, defende o distanciamento social e já se posicionou contra o tratamento precoce com hidroxicloroquina, dois pontos em que diverge do presidente Jair Bolsonaro.
O médico é graduado pela Universidade Federal da Paraíba, é especialista em cardiologia e tem doutorado em Bioética pela Universidade do Porto, em Portugal. Atualmente, dirige o departamento de hemodinâmica e cardiologia do Hospital Alberto Urquiza Wanderley e é cardiologista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, ambos na Paraíba.
Na BandNews TV, Celso Amodeo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de cardiologia, descreveu Marcelo Queiroga: “Extremamente científico”. Assista abaixo: