Marinha nega que tanques estavam prontos para colocar tentativa de golpe em prática

Objetivo é deixar claro que era um desejo pessoal do ex-comandante colocar as tropas à disposição

Por Túlio Amâncio

A Procuradoria-Geral da República montou uma força-tarefa para começar a analisar o relatório da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe estado depois da eleição de 2022. A Marinha negou, nesta quarta-feira (27), que tanques estavam prontos para colocar o plano em prática.

Trechos do relatório da Polícia Federal provocaram reações na Marinha. Em uma das mensagens enviadas a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, uma pessoa diz que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, é “um patriota” que tinha “tanques no Arsenal prontos”.

A Marinha afirmou que “em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o estado democrático de direito”. O objetivo da Marinha é deixar claro que era um desejo pessoal do ex-comandante colocar as tropas à disposição, mas que isso não aconteceria.

A Polícia Federal sustenta a tese de que os 37 indiciados atuavam em seis núcleos. Segundo os investigadores, o mais influente era chamado de “núcleo de oficiais de alta patente”, que, de acordo com a investigação, tentou, sem sucesso, pressionar os comandantes do exército e a aeronáutica a apoiar um golpe de estado. 

Entre os militares citados, estão o general Braga Netto, o general Paulo Sergio Nogueira, e o almirante Almir Garnier Santos, o único dos três comandantes das Forças Armadas que teria, segundo a PF, oferecido as tropas para o golpe.

Segundo a defesa do almirante, as acusações contra ele “não passam de lero-lero”. Já a defesa de Jair Bolsonaro diz ainda que, em nenhum momento, o ex-presidente falou em golpe e que, no relatório, não há provas diretas contra ele. 

A partir da semana que vem, o Supremo Tribunal Federal vai analisar o pedido de afastamento de Alexandre de Moraes, a partir da relatoria do caso feito pela defesa do ex-presidente, que alega que o ministro não pode ser o juiz do caso, já que ele aparece como uma das potenciais vítimas da trama. 

O assessor do general Braga Netto, que tinha, segundo a PF, um rascunho com a interpretação distorcida do Artigo 142 da Constituição, para tentar legitimar o golpe de estado, disse a pessoas próximas que, durante a campanha, recebia muitos documentos. E que o plano seria apenas “mais um” destes, mas que não seria colocado em prática. 

O arquivo, encontrado na sede do PL, partido de Bolsonaro, tinha instruções para o pós-golpe, como discurso em cadeia nacional de rádio de TV, preparação de tropas e interrupção da transição de governo, concluindo que “Lula não sobe a rampa”. 

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