Faz quase uma década que o Museu do Ipiranga está fechado por causa de problemas na estrutura. Durante todo esse tempo apenas os funcionários e pesquisadores puderam entrar.
“Porque o edifício foi construído para ser um monumento, não foi construído para ser um edifício público de ocupação constante. Então os problemas de conservação do museu se agravaram nos anos 90”, conta Cecília Helena Lorenzini, ex-diretora do Museu.
O Museu do Ipiranga se prepara para um novo capítulo. O trabalho segue em ritmo acelerado e tem dia, hora, minuto e segundo para acabar. Nos 200 anos da independência brasileira tudo estará pronto para os visitantes.
“Acho que é um sonho para todo mundo, né, porque quem não gostaria de estar hoje trabalhando com o Museu do Ipiranga, patrimônio muito antigo para gente, a gente se sente muito satisfeito, é muito bom. É um privilégio”, afirma Silvaneide Silveira de Jesus, encarregada de restauro.
As 450 portas e janelas foram restauradas, muitas delas pelo Wilson, que é minucioso na função. “Adequada a ela, que tem as mesmas veias da madeira. Quem olha pensa que nem foi feito o restauro”, conta o carpinteiro e marceneiro, Wilson Miranda dos Santos, que não chegou a conhecer o museu quando estava aberto.
Pela idade da estrutura, não é aconselhável a instalação de ar-condicionado. O jeito foi importar da Bélgica vidros especiais que reduzem o ingresso do calor da luz solar no interior do edifício. Uma forma de aumentar o conforto dos visitantes e também de proteger o acervo.
Para proteger a nova fachada, redes especiais que impedem a aproximação de visitantes indesejados na preservação do patrimônio histórico: os pombos. A nova cor na verdade é a antiga. É exatamente o tom de amarelo que o prédio tinha quando foi inaugurado.
“Foi feito um trabalho de decapagem, camadinha por camadinha, até se chegar no original e se detectar a cor original na entrega do prédio”, explicou Frederico Martinelli, engenheiro responsável pela obra.
As famosas fontes do jardim, que surgiram no centenário da Independência, estão em processo de impermeabilização. O museu conta agora com parte nova, recém construída, que fica no subsolo, praticamente debaixo do prédio antigo a oito metros de profundidade e 35 mil metros quadrados de terra escavada. Auditório, cafeteria, salas para oficinas, laboratório de arte. Tudo feito com arquitetura moderna, de concreto aparente.
“Este aqui é um recorde de uso de concreto colorido, pigmentado. O edifício tem 7.000² que, por coincidência, o edifício histórico tem 7.000² também. Então o museu está duplicando sua área utilizada”, conta Martinelli.
Uma das maiores preocupações na reforma e também na ampliação do edifício é a acessibilidade. “Um dos grandes desafios da execução é como tornar um edifício de 150 anos acessível de acordo com as normas de hoje em dia”, explica Martinelli.