Na ONU, Lula defende negociações de paz para fim de guerra na Ucrânia

No discurso de abertura da Assembleia-geral da ONU, em Nova York, o presidente Lula cobrou ação dos países ricos contra a pobreza e a desigualdade e fez críticas ao Conselho de Segurança

Por Eduardo Barão

No discurso de abertura da Assembleia-geral da ONU, em Nova York, o presidente Lula cobrou ação dos países ricos contra a pobreza e a desigualdade e fez críticas ao Conselho de Segurança.

Lula lembrou que discursou na ONU pela primeira vez há 20 anos. Que naquela época já falava contra a desigualdade e que hoje mais de 700 milhões de pessoas ainda passam fome.

"É preciso antes de tudo vencer a resignação que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade falta vontade política daqueles que governam o mundo”, disse.

O presidente destacou a ameaça das mudanças climáticas, com recentes desastres naturais no Marrocos, na Líbia e na região Sul do Brasil, e cobrou participação dos países mais ricos.

"A promessa de destinar US$ 100 bilhões anualmente para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma longa promessa”, afirmou.

Lula disse que em 8 meses o desmatamento da Amazônia foi reduzido em 48% e reforçou que o modelo energético brasileiro é considerado um dos mais limpos do mundo.

Lula foi aplaudido quando falou da mudança na orientação da política externa brasileira.

"O Brasil está de volta, nosso país está de volta para dar sua devida contribuição ao enfrentamento dos principais desafios globais. Resgatamos o universalismo da nossa política externa marcada por diálogo respeitoso com todos.Nossa luta é contra a desinformação e os crimes cibernéticos. Aplicativos de plataformas não devem abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos.”

Lula voltou a criticar a perda de representatividade do Conselho de Segurança da ONU. Brasil, Índia, África do Sul e Japão reivindicam um assento permanente nesse colegiado.

"O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Essa fragilidade em particular pela ação dos seus membros permanentes que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou mudança de regime. Essa paralisia é prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo conferindo maior representatividade e eficácia."

Sem condenar a invasão da Rússia, Lula defendeu negociações de paz para interromper a guerra na Ucrânia. 

"A guerra na Ucrânia escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU. Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz, mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Tenho reiterado que é preciso trabalhar pra criar espaço pra negociações."

Nesta terça-feira (19), Lula teve uma série de encontros bilaterais, entre eles com o chanceler alemão, Olaf Scholz e o presidente do estado da palestina, Mahmoud Abbas. 

Na quarta, o presidente brasileiro terá os principais compromissos, primeiro com o presidente americano Joe Biden e depois com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Com exceção do encontro com Biden, todos os outros serão no hotel onde Lula está hospedado em Nova York. O presidente deve voltar ao Brasil na tarde desta quinta-feira.

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