Três diretores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram demitidos, nesta terça-feira (24). A decisão foi uma reação do Planalto sobre as suspeitas de que o órgão monitorava adversários do então governo de Jair Bolsonaro (PL).
Entre os exonerados, está Paulo Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e número 3 na escala de comando da Abin. Na casa dele, foram apreendidos mais de 150 mil dólares, cerca de R$ 800 mil. Outros dois diretores também foram demitidos.
O comando da agência afirma que Fortunato era o responsável pelo pagamento dos informantes da Abin, normalmente em dólar ou euro, com orçamento da própria instituição. A PF quer saber se o dinheiro encontrado era para isso e por que estava na casa dele.
Segundo as investigações, pelo menos 35 servidores tinham acesso constante ao FirstMile, programa israelense que usa antenas de celulares para seguir o deslocamento dos alvos.
Cerca de 2 mil pessoas eram vigiadas, entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), parlamentares, advogados e jornalistas. Na semana passada, uma operação resultou na prisão de dois funcionários da Abin, já demitidos, e no afastamento de outros cinco.
Oficiais de inteligência dizem que, durante o então governo de Michel Temer (MDB), apenas o alto escalão tinha acesso ao software espião. A investigação da PF aponta que o procedimento mudou quando o hoje deputado federal Alexandre Ramagem foi nomeado para o comando da Abin.
Pelas redes sociais, o parlamentar negou qualquer irregularidade. O FirstMile foi utilizado mais de 30 mil vezes entre 2019 e 2021, quando foi desativado. O objetivo seria descobrir fatos que pudessem comprometer juízes, políticos e jornalistas para gerar constrangimento ou chantagem.