Do nosso planeta, tudo parece gigante. Mas quando olhamos fora dele, vemos como nós, humanos, somos pequenos. Ainda não desbravamos nem 4% de tudo que existe no espaço.
Mas dois brasileiros estão nesta missão dentro da maior agência espacial do mundo, a Nasa. Duília de Mello e Ivair Gontijo trabalham na linha de frente de projetos que serão o futuro da humanidade fora da Terra.
Em abril de 1990, nos Estados Unidos, era lançado o telescópio Hubble, que mudou nossa percepção do Universo nos últimos 30 anos. Com ele, descobrimos novas galáxias, novas luas, estrelas. Um conjunto de imagens deslumbrantes.
Em 25 anos dessa história, a astrônoma Duília esteve presente. Paulista de Jundiaí, ela chegou aos EUA para desbravar um sonho.
“Cheguei sozinha, eu tinha US$ 600 no bolso, que eram as minhas economias. Então foi bem desafiador”, lembra ela. “E também tomar a decisão, acho que eu fui... Arrisquei, né?”
Essa renomada cientista tem um extenso currículo de descobertas. Com o Hubble, encontrou as chamadas “bolhas azuis”, um orfanato de estrelas fora das galáxias. Descobriu também uma supernova, uma estrela nunca antes vista na galáxia NGC 1536.
“As estrelas como a supernova ou as que fazem parte das bolhas azuis, quando elas explodem, elas ejetam os elementos químicos produzidos nos seus interiores. Isso é importante, porque queremos entender a química do Universo, para saber como a vida se originou. Afinal, nós também somos feitos de elementos químicos que são produzidos dentro das estrelas”, descreve ela.
De Minas a Marte
Quem já não teve o prazer de admirar um céu recheado de estrelas? No interior, sem poluição, fica ainda mais bonito. E foi esse cenário que colocou Ivair Gontijo a caminho de Marte.
Aos 7 anos, em Moema, no interior de Minas, Ivair sonhava em desbravar as estrelas. Aí não teve jeito: a paixão pelo espaço flechou o pequeno menino.
Anos depois, graduou-se em Física na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Virou doutor na Escócia e tentou um emprego na Nasa várias vezes. Recebeu muitos ‘nãos’.
“Bati à porta da Nasa muitas vezes. Claro, não foi na primeira vez que deu certo, nem na segunda, nem na terceira. Então a gente tem que procurar meios de transformar um não em sim. E ter paciência, continuar insistindo, que coisas boas sempre acontecem na vida da gente se a gente continua insistindo”, conta o hoje astrônomo.
São 13 anos na agência americana, à frente da missão mais importante de todas: a chegada de um humano a Marte.
“Me considero parte da elite mundial dos exploradores espaciais”, diz.
Quando a sonda Curiosity pousou no planeta, em 2012, Ivair estava lá. Ou mesmo com a Perseverance, em fevereiro deste ano.
“Essa nossa nova missão para Marte, da Perseverance, nós estamos agora em Marte procurando material orgânico. Marte é um planeta silencioso, completamente silencioso. A única coisa que se move lá, produzindo sons, é o nosso veículo. Ele tem microfones que estão capturando esses sons e mandando para a gente. É muito bacana isso, a gente ouvir sons de um outro planeta”, detalha.
São histórias de brasileiros que fazem sucesso no exterior, e que sonham com um dia em que o Brasil se torne expoente na ciência mundial.
“O Brasil é pouco conhecido, isso é uma verdade. A gente precisa, cada vez mais, mostrar para o mundo as riquezas do Brasil, o potencial do Brasil e o que o Brasil tem”, torce Duília.
“Para quem é jovem, quase tudo é possível. Se o meu caso serve de exemplo, se eu até consegui parar de estudar por três anos, morar em uma fazenda onde a cidade mais próxima ficava a 100 km de distância e fui parar na Nasa, então acho que isso está ao alcance da maioria das pessoas”, afirma Ivair.