Nesta terça-feira (19), uma operação da Polícia Federal e da Receita Federal estourou uma fábrica de cigarros falsificados que funcionava com mão de obra escrava de estrangeiros em Triunfo, no Rio Grande do Sul.
Embaixo de um contêiner, uma placa de concreto movimentada por um elevador hidráulico. Era em um esconderijo subterrâneo que funcionava a fábrica clandestina de cigarros. No bunker, estavam 16 trabalhadores paraguaios, em situação análoga à escravidão. Os estrangeiros viviam e trabalhavam no subsolo. Foram oito meses seguidos sem ver a luz do dia.
“A partir daquele elevador era levada a alimentação, de dois em dois dias em princípio e subiam os cigarros prontos. Eles estavam praticamente todo o tempo neste local”, relatou Aldronei Rodrigues, superintende da Polícia Federal gaúcha.
O bunker foi encontrado durante a Operação Tavares, contra fabricação ilegal de cigarros de marcas paraguaias no Rio Grande do Sul. A indústria clandestina funcionava em Triunfo, a 77 quilômetros de Porto Alegre.
Foram cumpridos 56 mandados de busca e apreensão. Pelo menos 24 pessoas acabaram presas no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. O grupo faturava cerca de R$ 50 milhões por mês com a produção de 10 milhões de maços.
A polícia encontrou malas cheias de dinheiro em espécie: mais de R$ 2 milhões, além US$ 260 mil. Carros e imóveis foram retidos e a Justiça bloqueou contas bancárias que toatalizaram R$ 600 milhões.
A investigação durou um ano. A estimativa da Polícia Federal é de que a organização criminosa fabricava 10 milhões de maços de cigarros falsificados por mês.
Os produtos eram distribuídos em toda a região sul do país e também no Uruguai.
No bunker, foram recolhidos cerca de 20 mil caixas dos produtos falsificados. Segundo a Receita, o contrabando gerava um prejuízo de R$ 25 milhões por mês, em impostos federais que deixaram de ser arrecadados.
Estima-se que o contrabando de cigarros movimente R$ 12 bilhões por ano no Brasil. De cada dez cigarros consumidos aqui, seis são ilegais, o que acaba impactando financeiramente a saúde pública, já que não há nenhum controle sobre a procedência dos produtos e substâncias na fabricação dos cigarros.