PF prende “corretor do tráfico” que se passava por empresário, mas lavava dinheiro do crime

O esquema dos traficantes internacionais para o envio de toneladas de cocaína para a Europa tinha como principal ponto de saída da droga o porto de Paranaguá, no Paraná

Por Rodrigo Hidalgo

Toneladas de cocaína escondidas em navios e aviões são mandadas à Europa por organizações criminosas brasileiras. Os grandes traficantes quase nunca põem as mãos nas drogas. Eles formam as quadrilhas, comandam a logística e o esquema que faz circular muito dinheiro.

Eles mantêm redes de proteção e de inteligência para evitar que sejam descobertos pela polícia. Um deles ficou pelo menos 6 anos no anonimato. 

Willian Barile Agati era uma pessoa acima de qualquer suspeita. Um empresário bem-sucedido com negócios como a venda de carros, turismo e até agenciamento de jogadores de futebol. Para a Polícia Federal, era tudo fachada. 

Barile é acusado de tráfico internacional de drogas e de liderar um consórcio entre organizações criminosas do brasil e da Itália. Principal alvo da investigação, ele foi preso no mês passado. 

“Uma vida normal uma vida como empresário perante a sociedade, com algumas empresas que na verdade nós constatamos que não prestavam serviço de fato. Eram usadas justamente para essa movimentação de recursos uma pessoa acima de qualquer suspeita digamos assim”, disse Eduardo Verza, delegado da Polícia Federal.

Porto de Paranaguá: saída das drogas

O esquema dos traficantes internacionais para o envio de toneladas de cocaína para a Europa tinha como principal ponto de saída da droga o porto de Paranaguá, no Paraná. Em quatro anos, os acusados movimentaram cerca de dois bilhões de reais usando sofisticados mecanismos de lavagem de dinheiro.

Segundo a polícia, em um áudio interceptado, Barile fala do plano para expandir o tráfico de drogas para um outro porto brasileiro. 

“É igual Paranaguá, só que é novo. Porque a gente nunca trabalhou nesse porto. Eu perguntei para ele se a gente poderia fazer um teste, se fizesse um teste eu colocaria uma revista, para ver se saiu legal e chegou legal”, disse. 

A operação tinha entre seus principais alvos um homem que morreu durante as investigações. Ele foi atropelado na via Dutra, em outubro do ano passado, enquanto caminhava com outros dois romeiros em direção ao santuário de nossa senhora da aparecida. Edmilson Menezes, o Grilo era apontado como integrante da cúpula do PCC.

Conexões com a máfia italiana

A investigação contra eles começou depois da prisão de dois chefões da Ndranghetta, a máfia calabresa: Nicola e Patrick Assisi, pai e filho. Eles estavam escondidos num apartamento na cidade de praia grande, no litoral paulista, em 2019. Lá, recebiam traficantes brasileiros. 

Willian Barile escapou de ser preso em dezembro durante operação da polícia federal. Ele saiu da casa dele, em um condomínio de luxo, na grande São Paulo um dia antes. Com prisão decretada, se entregou no mês passado. A defesa dele já entrou com pedido de liberdade provisória.

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