Policiais civis que foram presos pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (17), suspeitos de desviar carga de cocaína, renegociaram parte da droga apreendida com o advogado João Manoel Armoa Júnior, preso desde setembro, aponta investigação da Justiça.
A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens dos envolvidos até o limite de R$ 5 milhões.
A defesa dos policiais disse que eles negam o desvio e que uma conversa interceptada pela Justiça foi interpretada de forma errada.
Entenda
Três investigadores da Polícia Civil de São Paulo foram presos pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (17), suspeitos de desviar carga de cocaína apreendida na cidade de Cubatão, da Baixada Santista.
Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Santos, depois que agentes federais da cidade levantaram indícios que apontaram para os crimes de peculato, associação criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico. A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens dos envolvidos até o limite de R$ 5 milhões.
Quatro mandados de prisão foram cumpridos, além de quatro de busca e apreensão, e todos os suspeitos foram presos na cidade de Santos, incluindo uma estagiária que trabalha no escritório do advogado João Manoel Armoa Júnior, preso desde setembro.
O criminalista é suspeito de participar de uma organização criminosa liderada por um de seus clientes, Vinycius Soares da Costa, o Evoque, que também está detido.
Conversas interceptadas
Detalhes da investigação obtidos pela reportagem da Band apontam que os policiais desviaram 90% de uma carga de cocaína apreendida em abril na cidade de Cubatão, na Baixada Santista. Na época, a Polícia Civil de Santos apresentou 26 kg de cocaína.
Evoque, que era o dono da droga, contou ao advogado - em mensagens interceptadas no celular do traficante - que ele gravou tudo com uma câmera e um drone.
Nas mensagens ao advogado, o traficante reclamou que teve um prejuízo de R$ 4 milhões com desvio da droga pelos policiais e que teria que acertar a dívida com “o comando”, que seria a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Evoque é parceiro do megatraficante André Oliveira Macedo, conhecido como "André do Rap", foragido desde outubro de 2020 após ser solto da cadeia por decisão do então ministro Marco Aurélio Mello, hoje aposentado do STF (Supremo Tribunal Federal).
A organização criminosa é responsável por esquema de envio de cocaína do Porto de Santos para a Europa.
A Corregedoria da Polícia Civil acompanhou a operação chamada “Antítese”. Os suspeitos devem responder por formação de quadrilha e por praticar violência no exercício de função, com penas que podem variar de 11 a 30 anos de reclusão.
Defesa
Ouvido pela reportagem da Band na porta da delegacia da PF, o advogado Armando de Mattos Junior disse que os policiais presos alegam que são inocentes.
“Eles alegam que são inocentes e são inocentes. São policiais civis da ativa. Fizeram apreensão de entorpecentes. Alguma desconfiança e interceptação telefônica por parte dos bandidos entendeu-se isso de uma forma equivocada e provaremos nos autos que eles são inocentes”, disse.