Produção de castanhas recupera Floresta Amazônica e movimenta bilhões de reais

Com olhar no futuro, extração das castanheiras mobiliza comunidades e pequenos produtores em Itacoatiara, no Amazonas

Da redação

Da Amazônia para o mundo, a castanha se tornou símbolo da produção extrativista que tem olhar para o futuro. Fazendas em Itacoatiara, no Amazonas, movimenta R$ 2 bilhões por ano, sem esquecer da sustentabilidade e da recuperação da Floresta Amazônica. 

Na fazenda Aruanã, a extração começa cedo na maior plantação de castanheiras do país. São cerca de 1,3 milhão de árvores no local, segundo o engenheiro florestal Roberval de Lima, que explica melhor como funciona a extração. “Nesse sistema são comunidades, coletores e pequenos produtores que se unem, têm suas colocações e na época da safra fazem a coleta”, explica. 

São 12 mil hectares do município de Itacoatiara com as castanheiras, que dão uma colheita que depende totalmente da natureza. É preciso esperar que caiam os ‘ouriços’ das castanheiras. Os funcionários então levam os sacos e pegam do chão o que caiu da árvore, como diz Roger Menezes. 

“A gente todo dia está em campo, está na coleta do dia. Sentem em Castanhal junto, trabalha diariamente”, conta Roger, que diz que pega em média 300 a 400 ouriços por dia. “Cada ouriço tem umas 20 castanhas. Tem ouriço que chega a ter 35. É bastante. Tem os grandes, que chegam aí essa quantia”, conta. 

Jonathan Bruno, responsável pela indústria castanheira, diz que os bons ouriços passam para a carreta. “O que vai ficar no campo, a roçadeira passa e corta, já servindo para uma castanheira”, diz. 

Colheita passada de geração para geração

Na fazenda Aruanã, só se usa mão-de-obra local. Tanto, que muitos trabalhadores na produção da castanha são da mesma família, um ofício passado de geração para geração. 

“Eu nasci em 1980. A minha mãe trabalhava no escritório, o meu pai trabalhava no campo, meu pai era vaqueiro, minha mãe é amazonense, meu pai maranhense. Aí eu nasci aqui, estudei aqui, tinha uma escola, estudei aqui na fazenda", conta Jonathan. 

O cultivo da castanha até surpreendeu os moradores da região, que não esperavam que as árvores se desenvolvessem tão bem. Os solos, pobres e mal nutridos, teve a castanha como experimento. Para a população, foi uma grata surpresa, porque as castanheiras cresceram e sem doença ou praga. 

Reflorestamento é essencial

A importância das castanheiras é tão grande, que o processo de reflorestamento é levado à sério na fazenda. Para plantar uma nova árvore, é preciso fazer um processo de germinação com o próprio fruto da castanha. 

Em cada canteiro, são plantadas 50 mil sementes. “O cuidado na hora do plantio é verificar onde vai ser a raiz e o caule, normalmente a base mais larga é a raiz e a parte mais longa o caule”, diz Roger. 

E, após 40 dias, a castanha vai germinar e vai estar formada as raízes, o caule e duas folhas, já pronta pra ir para o saquinho. 30 dias depois, as mudas estão prontas e, assim, o ciclo recomeça. Por aqui, todos aprenderam que para tirar riqueza da Amazônia, é preciso devolver à floresta condições para ela se manter e se desenvolver. Ganha a população, ganha a natureza. 

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