Gritos por liberdade e pedidos pelo fim da fome, da miséria e da falta de vacinas para combater o coronavírus. Esse foi o tom dos protestos que aconteceram em várias cidades de Cuba no último domingo.
O país vive a maior onda de insatisfações contra o regime em quase 30 anos. E uma das maiores desde 1959, ano em que a revolução cubana instaurou o comunismo na ilha e derrubou o ditador Fulgêncio Batista.
São raras as manifestações contra o governo cubano, já que o país reprime todo tipo de posição contrária ao regime. É por isso que os atos do último fim de semana chamaram a atenção do mundo todo. E a repressão não demorou a chegar. Mesmo nesse ambiente repressivo, um misto de fatores encorajou os cubanos a saírem às ruas.
Primeiro tem a crise econômica. Desde o embargo dos Estados Unidos a Cuba em 1962, o racionamento de alimentos dificulta o acesso a produtos básicos até os dias de hoje. Mas a situação atual é muito pior. E somado a isso, os cubanos ainda estão sofrendo com apagões diários de energia e o aumento da inflação. Mas agora também tem um elemento novo: a crise sanitária. Se no começo da pandemia o país conseguiu controlar a circulação do coronavírus, neste momento a população sofre com hospitais lotados.
Cuba sempre foi reconhecida por sua Medicina avançada, mas está sendo afetada em um de seus pontos mais fortes. Pra terminar, existe um fator importante por trás dessas manifestações: a conectividade. Por longos anos os cubanos não tiveram acesso à internet, mas desde 2018 o 3G chegou ao país. Ainda que sob controle, a internet móvel foi determinante para a organização dos atos. Não à toa, agora o regime do país está promovendo um apagão digital como forma de repressão.
Para entender melhor tudo isso, a apresentadora Joana Treptow e a jornalista Beatriz Correa, editora de internacional do Jornal da Band, conversaram com o historiador Osvaldo Coggiola, professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo.