Refugiados sírios fazem fila em fronteira para retornar ao país após queda de Bashar Al-Assad

Centenas de refugiados sírios fizeram fila na fronteira com a Turquia nesta segunda-feira (9). O desejo é regressar à terra natal, após a ditadura de mais de 50 anos da família Bashar Al-Assad

Sonia Blota

Refugiados sírios fazem fila em fronteira para retornar ao país após queda de Bashar Al-Assad
Refugiados sírios fazem fila em fronteira para retornar ao país após queda de Bashar Al-Assad
Reprodução/Jornal da Band

A Turquia pode deportar 3 milhões de refugiados sírios que foram para lá fugindo da guerra civil. Nas fronteiras do país, o movimento é intenso. E as consequências, são sentidas nos países vizinhos e em toda região.

Na Europa, as comunidades sírias comemoram a queda do regime. Porém, a vida não será nada fácil para os refugiados, que podem ser obrigados a retornar para a Síria. Países como Alemanha, Áustria, Noruega e Dinamarca suspenderam a concessão de asilos para os civis. Viena já fala, inclusive, em expulsão dos sírios ainda não legalizados. 

Os últimos dez dias foram decisivos para a derrubada do regime do ditador Bashar Al-Assad. Diversas cidades estratégicas, como Aleppo, Hamã e Roms, foram capturadas. Logo, a tomada de Damasco não demorou a acontecer. 

Os rebeldes invadiram uma prisão militar e libertaram milhares de detentos, afirmando que a injustiça e a opressão chegavam ao fim. Em um pronunciamento na TV Estatal, líderes do levante anunciaram que o regime da família Assad, que durou 53 anos, chegava ao fim. 

A coalisão que derrubou o regime é liderada pela milícia islâmica Hayat Tahrir Al Sham, ou organização para a libertação do levante, um antigo braço da Al-Qaeda, dentro do território sírio, conhecido pela sígla HTS, sob o comando de Mohammed Al-Golani. 

Embora o grupo diga ter renunciado à luta terrorista, Estados Unidos e União Europeia ainda classificam a mílicia HTS como uma organização terrorista. Mesmo assim, tanto europeus como americanos comemoraram a queda de Assad. 

Segundo Al-Golani, o objetivo é criar um conselho de governo, escolhido pela população. E garantem que liberdades religiosas, sobretudo com grupos minoritários, serão respeitadas. Mas o fato do HTS não ser um grupo homogêneo preocupa o ocidente. 

A milícia domina o oeste do país. No norte e no leste, estão milícias curdas, apoiadas pelos Estados Unidos, além de guerrilhas sustentadas pela Turquia. Há, ainda, uma zona tampão, controlada pelo exército americano, na fronteira síria com Iraque e Jordânia. 

Israel já começou o ataque aos mísseis e armas químicas da Síria para que os armamentos não caiam em mãos extremistas, segundo o governo do Benjamin Netanyahu. Ao mesmo tempo, Estados Unidos também atacaram pontos estratégicos do Estado Islâmico. 

Com a morte de seu irmão, o primeiro na linha sucessória dos Assad, o médico Bashar assumiu o poder na Síria e acenou com a proposta de liberdade e democracia nos moldes ocidentais, mas nada disso aconteceu e a ditadura só piorou na Síria com mais de 500 mil mortos em uma guerra civil e uma população reprimida com mão de ferro. 

O Kremlin confirmou, nesta segunda (9), que a Rússia concedeu asilo político a Bashar Al Assad e sua família. O porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, disse que a decisão foi do próprio presidente Vladmir Putin

Apesar da Rússia tentar se afastar da derrubada do regime de Assad, a queda foi um baque para Moscou, já que Damasco era sua principal aliada na região. E contava com apoio russo nos últimos anos, inclusive com forças militares em bases na região. A Rússia equipou e financiou o exército sírio por anos.

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