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Renda e escolaridade da família impactam em 68% das notas do Enem, diz pesquisa

Edição 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio começa neste domingo (21)

Olívia Freitas, do Jornal da Band

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Edição 2021 do Exame Nacional do Ensino Médio começa neste domingo (21)
Reprodução

O que influencia na nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que começa neste domingo (21)?

Onde João Vitor de Moraes quer chegar, ninguém da família pisou. Os pais e os irmãos foram até o Ensino Médio. Ele se prepara para o exame sonhando um dia ser médico.

“Vim de escola pública, desde o Fundamental, do prezinho primário. Não sinto a mesma confiança que o pessoal que veio de escola particular”, diz o jovem aprendiz.

Um estudo cruzou dados do Censo Escolar, informações socioeconômicas e também as notas dos estudantes no Enem de 2018. Na comparação entre dois municípios por exemplo, com 10% de famílias com curso superior, a tendência é que os alunos tenham 5 pontos a mais na média do Enem. Para 10% mais de pessoas brancas, são mais 2 pontos na média das notas.

De acordo com a pesquisa, fatores como esses influenciam em 68% do total da nota do aluno no Enem.

O resultado mostrou, segundo os pesquisadores, que a estrutura para aprender não é a única coisa que influencia no sucesso dos estudantes. Há uma história de vida influenciada por todos os problemas trazidos por um país tão desigual, que precisa ser considerada. No fim, é fácil imaginar quem tem mais chances de cruzar a linha de chegada.

É possível mudar este jogo. Mas é preciso olhar para tudo isso e criar acessos.

Para a pesquisadora e pedagoga Anne Freitas, é preciso “oportunizar esse exame, então pensar em estratégias que a gente possa colocar esse exame de uma forma que seja um pouco mais inclusivo e menos excludente”. “E também pensar nessas políticas de cotas”, destacou.

Durante a presença da reportagem em um cursinho de São Paulo, Kaylane Sousa era a única estudante negra da sala. Ela vai fazer o Enem para Medicina.

“Se eu consegui ter coragem de prestar, é porque meus pais me incentivaram muito”, afirma a estudante. “É bem complicado esse tipo de coisa, de se sentir sozinho nesses ambientes, e de ver pessoas iguais a você que não conseguem acessar esse ambiente.”

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