O resultado negativo nas contas do governo é um combustível para a inflação e um levantamento apontou que o problema é maior que o divulgado. Em um vídeo gravado na horta da Granja do Torto, publicado nesta segunda-feira (27), o presidente Lula apontou causas para a inflação dos alimentos.
“Na hora que há um aumento na demanda, ou seja, na hora que o povo pode comprar mais, mas na verdade dos vendedores aumenta os preços. Então aumentar o preço a gente corre o risco de ter uma inflação, e a gente não quer ter inflação porque quem paga com a inflação, é você, é o trabalhador, é aquele que vai no supermercado comprar comida”, disse o presidente.
Economistas dizem que o problema vai além, e passa diretamente pelos gastos do governo. Se o controle das despesas não é eficaz, o resultado negativo nas contas públicas é inevitável, o que alimenta a inflação.
"Não tem mágica, ou aumenta a receita, no caso da família, mais um ir trabalhar, alguém fazer um bico, tem que aumentar a receita ou então corta despesa. No frigir dos ovos é isso aí. A dona Maria sabe muito bem que não pode ano após ano ficar gastando mais do que tem porque a dívida da família vira uma bola de neve, e é isso que tá acontecendo com o Brasil”, disse o economista Marcos Pestana, no Jornal da Band.
No caso do governo, se o orçamento não fecha, ele se endivida, prometendo pagar juros mais altos a quem compra títulos públicos. Esses juros podem se espalhar para toda a economia, afetando os preços. Além disso, a perda de confiança na moeda nacional faz o dólar subir, gerando inflação.
Segundo a “Instituição fiscal independente”, o déficit do governo em 2024 deve ficar em 0,1% do PIB, mas o cenário é mais delicado porque há desconto de gastos extras, como a ajuda aos estados afetados por chuvas, secas e queimadas. Incluindo essas despesas, o déficit seria quatro vezes maior.
"Não se vê uma luz no final do túnel, um plano consciente para equilibrar as finanças do governo. Então esse é o problema, nós deveríamos ter um objetivo de 2.5 positivos, no entanto a gente fica discutindo 0.1, 0.4 negativos. Então estamos muito distantes de equacionar o problema das finanças públicas, do orçamento público", completou o especialista.