Sem respostas de coronel ligado à Davati, senadores da CPI criticam desfile militar no Planalto

Hélcio Bruno é apontado como um dos interlocutores na negociação frustrada por 400 milhões de doses de vacina sob investigação

Da Redação, com Jornal da Band

A CPI desta terça-feira (10) ouviu o tenente-coronel da reserva Hélcio Bruno, presidente do Instituto Força Brasil. O militar é apontado como elo entre a empresa Davati e o Ministério da Saúde na negociação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca - um negócio com indícios de irregularidades que não foi pra frente.

Porém, a abertura da sessão foi dominada pela repercussão do ato da Marinha, que levou veículos militares até o Palácio do Planalto para entregar um convite ao presidente Bolsonaro, que avalizou a cerimônia em meio ao dia marcado para a discussão da PEC do voto impresso na Câmara. O senador Omar Aziz (PSD-AM) fez duras críticas ao mandatário.

“O Presidente cria uma encenação, uma coreografia para mostrar que tem o controle das Forças Armadas e pode fazer o que quiser com o País. É um absurdo inaceitável. Não é um teatro sem consequências, mas um ataque frontal à democracia, que precisa ser repudiado", discursou o presidente da CPI.

A base governista na comissão do Senado saiu em defesa do presidente.

“A roubalheira parou faz tempo, e talvez alguns aqui estejam preocupados com isso, que não voltou mais. Então, falam do medo dos tanques apontados. Tem muita gente aqui dentro do Congresso que tem o rabo sujo, nós sabemos disso”, rebateu o senador Jorginho Mello (PL-SC).

No depoimento, amparado por habeas corpus no Supremo, Hélcio Bruno se manteve em silêncio e não respondeu a nenhuma pergunta relacionada à Davati para não gerar provas contra si mesmo.

A comissão questionou a influência do militar no governo e a relação com o número dois do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco. Bruno confirmou que participou de reunião da pasta com representantes da Davati.

Após negar que tenha participado de um jantar com Luiz Paulo Dominguetti, Bruno caiu em contradição ao tentar explicar uma imagem em que aparece em uma mesa com o reverendo Amilton de Paula e o representante da Davati. Quando confrontado com imagens que o contradiziam, afirmou: "Não foi jantar, foi almoço" (veja o trecho abaixo).

Nesta quarta (11), será a vez de Jailton Batista depor na CPI. Ele é diretor do laboratório Vitamedic, que fabrica a ivermectina. Sem eficácia comprovada contra a covid-19, o medicamento teve aumento nas vendas acima de 1.000% no ano passado. 

Na quinta (12), é a vez do depoimento do líder do governo Ricardo Barros (PP-PR), que teve o nome citado na comissão por irregularidades no processo de compra da vacina indiana Covaxin.

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