Jornal da Band

Tiradentes serviu como inspiração para diversos movimentos políticos

Mais de dois séculos depois, alguns mistérios da Conjuração Mineira resistem ao tempo

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A história de Tiradentes é tão fascinante quanto a da própria Conjuração Mineira. O movimento de proprietários rurais, advogados, intelectuais, padres e militares que queriam se livrar da Corte Portuguesa para dar lugar a uma nova nação. Só que a revolta marcada por eles foi descoberta pelo governo. E aí o plano foi por água abaixo. 

Tiradentes foi preso quando estava no Rio de Janeiro. E, logo que isso aconteceu, um outro personagem saiu desesperado pela então Vila Rica, hoje Ouro Preto, para avisar que o pior estava por vir. Só que ninguém sabe até hoje quem ele é. 

Ele usava capote, capuz, tapava o rosto para deixar para só os olhos de fora e era conhecido como “o Embuçado”. “Desce uma neblina forte em Ouro Preto nessa época do ano. E ele andando por esses becos aqui”, destaca a historiadora Heloísa Starling. 

“Tentando localizar as pessoas que eram consideradas as lideranças do movimento para avisar: Destrua os documentos, foge, destrói tudo, porque vem tropa”, retrata Starling. 

“Tiradentes foi preso, o movimento então não vai ter início, porque ele era a pessoa responsável por dar início à revolta, indo à Cachoeira do Campo para assassinar o governador Visconde de Barbacena”, lembra o historiador André Figueiredo Rodrigues. 

“Parece um romance. Um homem todo embuçado, não se sabe se homem ou se mulher. Poderia ser mulher”, destaca Starling. 

Homenagens

O assunto rende debates e essa história do Estado ainda é uma incógnita. A de Tiradentes, o mais conhecido dos revoltosos, foi e ainda é fonte de inspiração. Ele é o patrono da Polícia Militar e dos dentistas, tem um feriado nacional, já foi tema de filmes, livros, apareceu em cédulas de dinheiro, em selos em renda de carnaval e músicas.

Mas a história traz outros detalhes que ajudam a traçar o perfil desse personagem do tempo. 

“Todo mundo pensa que Tiradentes era um homem ‘simplesão, bobalhão’. Não. Tinha fazendas. Tiradentes tinha propriedade, foi um sujeito muito bem sucedido no ponto de vista econômico. Ele teve iniciativas que naufragaram, mas não era um pobretão. A família dele era ‘importante’. Ele tinha escravos, também não era um abolicionista e nem a inconfidência tinha uma proposta de abolição”, ressalta o historiador Luiz Carlos Villalta. 

“Se eu posso te resumir em uma palavra, eu diria: ele era um ‘patriota’, porque ele morreu querendo defender o que ele acreditava, que era a possibilidade da Capitania de Minas Gerais que sofria muitos percalços de exploração. Ele sonhava que a capitania pudesse ser autônoma e independente”, diz André Figueiredo Rodrigues

E a história mostra também que Tiradentes sempre falou em ‘felicidade’ 

“‘Para ela (Minas Gerais) ser feliz, eu preciso ser feliz’. ‘Eu tô aqui, mas as Minas precisam ser feliz’. É por isso que as duas coisas estão juntas e para ele: a felicidade pública é a felicidade privada. Nós não podemos ser felizes só dentro da nossa casa. Nós também temos que ter felizes na companhia uns dos outros. Não tem jeito mesmo de não ficar emocionado com a conjuração mineira”, completa a historiadora Heloísa Starling. 

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