Mais da metade da população brasileira já testemunhou algum tipo de violência contra a mulher. É o que diz o novo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pelo menos 52% testemunharam alguma agressão vinda de parentes ou parceiros. O estudo também mostra que quase 30% das mulheres relatam ter sido vítimas de violências ou agressão. 

Os números mostram uma epidemia de violência que não passa. Segundo Isabela Sobral, coordenadora do núcleo de dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crescimento de relatos pode ser relacionado ao conhecimento das mulheres. “Agora há uma melhor percepção sobre a violência, então as mulheres passam a perceber melhor que aquilo que acontece com se trata de fato de uma situação de violência, e elas relatam isso na pesquisa né”, afirma. 

Apesar disso, ela diz que o estudo pode estar diante de um “aumento do fenômeno, um aumento da violência contra a mulher”. Mais da metade dos casos ocorrem em casa, com 53% dos relatos. Pela primeira vez, o ex-parceiro foi citado no estudo, como principal agressor, sendo 33%, seguido pelo atual companheiro, 26,7%. 

O Brasil tem uma das melhores leis do mundo contra a violência doméstica, a Lei Maria da Penha. Mas ela tem sofrido com os cortes na verba destinada às políticas de enfrentamento à violência contra a mulher, chegando ao menor valor em 2022. 

Thais Santesi, criadora do projeto Bastê, atende mulheres vítimas de agressões. Para ela, falta um pouco mais de delicadeza para tratar de casos do tipo. “Falta manejo, delicadeza, para lidar com  aquela mulher que tá sofrendo. porque se você trata essa mulher de uma forma mais incisiva, ela já tá sofrendo, então muitas vezes você afugenta essa mulher de denunciar”, afirma.