Bolsonaro recua após insinuar que China criou o coronavírus

Presidente voltou a defender o tratamento precoce e criticar o STF em discursos desta quarta

Da Redação, com Jornal da Noite

Jair Bolsonaro negou, na noite desta quarta-feira (5), que tenha se referido à China, quando pela manhã insinuou que o país asiático criou o coronavírus e se beneficiou com isso

O evento era sobre comunicação, mas o discurso do presidente foi sobre a covid-19. Bolsonaro ameaçou editar um decreto para derrubar decisões que limitam a circulação de pessoas.

“Já se começa a pedir que governo baixe um decreto. Se eu baixar, vai ser cumprido. Não será contestado por nenhum tribunal, porque ele será cumprido. O que constaria no corpo desse decreto? Constaria os incisos do artigo 5º da Constituição. Queremos a liberdade de cultos, queremos a liberdade para poder trabalhar, queremos o nosso direito de ir e vir”, discursou o presidente. 

Sem citar o STF, que deu autonomia a estados e municípios decidirem sobre medidas de contenção da pandemia, o presidente subiu o tom. 

“De onde nasceu essa excrecência para dar poder a governadores em nos prender dentro de casa e nos condenar à miséria, roubar milhões de empregos, levar famílias ao desespero por não poder trabalhar. O Brasil não pode ser um país condenado ao fracasso porque alguém delegou competências esdrúxulas a governadores e prefeitos”, criticou. 

Bolsonaro ainda xingou quem é contrário ao uso da cloroquina como prevenção à Covid. 

"Que sejam convidadas autoridades que tenham falado do tratamento precoce. Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha. O que eu tomei, todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que [ser] contra?”, justificou. 

A insistência de Bolsonaro em promover um medicamento sem eficácia comprovada é um dos pontos investigados pela CPI da pandemia no Senado.  

Outro foco das investigações é a relação conflituosa do governo com a China. Sem citar o nome do país, o presidente responsabilizou o principal parceiro comercial do Brasil pelo surgimento do coronavírus, apesar da falta de evidência científica dessa acusação. 

“É um vírus novo, ninguém sabe se de laboratório ou nasceu porque algum humano comeu animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que a guerra é química, bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, indagou. 

À noite, Bolsonaro negou que tenha atacado os chineses com seu discurso. 

“Eu falei a palavra ‘China’ hoje de manhã? Não falei. Eu não falei a palavra ‘China’, não está no meu discurso de quase 30 minutos de hoje. Muito maldade tentar um atrito com um país que é muito importante para nós e nós somos importantes para eles também. 

O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz, disse que não é hora de brigar com a China. 

“Um parceiro comercial como a China não dá para menosprezar, nem do ponto de vista do IFA que nós estamos precisando, nem do ponto de vista da economia brasileira. 

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